domingo, 15 de março de 2020

Williamson 4 + Case Study 3


“There is very little real difference between brands of products within any category, such as detergents, margarine, paper towels and so on. Therefore it is the first function of an advertisement to create a differentiation between one particular product and others in the same category. It does this by providing the product with an ‘image’; this image only succeeds in differentiating between products in so far as it is part of a system of differences. The identity of anything depends more on what it is not than what it is, since boundaries are primarily distinctions.”

Williamson, Judith. “A Currency of Signs”, Decoding Advertisements: Ideology and Meaning in Advertising. Marion Boyars, 2010, pp. 24.


Mupi paragem de autocarro, Lisboa. 31/03/2016

Mupi, Estação de Metro, Lisboa. 12/03/2019

 Mupi, Estação de Metro, Lisboa. 03/09/2019

Considerando que os limites da identidade de produtos similares são arbitrariamente criados, comente as três campanhas publicitárias aqui apresentadas. Tenha em conta o modo como as campanhas dialogam entre si na tentativa de identificarem a marca com a ideia de Natureza, enquanto construto simbólico operativo na sociedade urbana contemporânea. Preste particular atenção ao esquema cromático destes textos e ao facto de que, nos últimos dois exemplos, se efetua uma dissolução de fronteiras entre embalagem e fundo.

1 comentário:

  1. Os três anúncios assentam na ideia – aparentemente objetiva – da origem natural do produto, para o diferenciar daquilo que é entendido como a antítese de “natural”, ou seja, aquilo que é artificial. Há um vazio que se pretende preencher através de outros valores, neste caso esse valor é a natureza. O produto torna-se significante, para depois significar. Isto é, primeiro o significante “água com gás” e o significado (Pedras/Frize); seguidamente, o significante (Pedras/Frize) e o significado (“A escolha é natural”, Pedras, 03/2016; “O segredo mais bem guardado da natureza”, Frize, 03/2019; “100% Natural”, Pedras, 09/2019). Para numa terceira fase, o produto – o signo que apresenta uma escala hiperbólica – torna-se um referente potencial. (Williamson, pág. 36) A utilização do adjetivo (única) conota várias ideias, entre elas, que, esta água gaseificada é absolutamente ímpar pelo “facto” de utilizar apenas ingredientes naturais. O mesmo não se verifica no anúncio (Frize, 03/2019), onde não são garantidos os ingredientes naturais, mas antes, o sabor a limão. No anúncio (Pedras, 03/2016) o cenário remete para ambientes áridos, desérticos. O amarelo é uma das três cores quentes por excelência, sendo ainda, a cor dos limões. Este é, no entanto, um amarelo que traz água no bico. Pretende despertar em nós o mais elementar dos sentidos: a sede. Além da promessa de saciedade, o anúncio interpela-nos, para depois nos informar: “Artificial ou 100% natural?”; a resposta fornecida é: “Única com ingredientes 100% naturais”. Nos restantes anúncios (Frize, 03/2019) e (Pedras, 09/2019) o produto não é só natural, o produto integra a natureza. Em ambos os exemplos é a vegetação que predomina, tanto na perspetiva aérea (Pedras, 09/2019), como na perspetiva frontal (Frize, 03/2019), cabendo à natureza o papel de desvendar os elementos identitários do produto. Os produtos estão conotados com um estilo de vida saudável e com a comunhão com os valores da natureza.

    -Nilton Fonseca

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