quarta-feira, 22 de abril de 2015

Tópicos para análise do excerto de Berger

Close Reading (o que diz o excerto passo a passo)
Vs. Paráfrase
  • ·      Visão antecede desenvolvimento linguístico e situa-nos no mundo: relação entre visão e linguagem é dinâmica
  • ·      Visão é determinada por ideologia (conjunto de ideias que partilhamos com a comunidade, num dado contexto histórico) e experiência (história pessoal, conhecimento do mundo...)
  • ·      Visão é um processo complexo e interativo vs. abordagem mecanicista, tendente a reduzir o processo de visão a estímulos de natureza meramente físico-biológica (utopia encerrada na expressão “just looking”, de J. Elkins)
  • ·      Escolha do objeto em que focamos a nossa atenção, num campo visual complexo, cria um elo de proximidade entre o sujeito observador e o objeto por si eleito — a visão é um processo relacional em constante reformulação, pois recriamos o mundo e o nosso lugar nele a cada instante
  • ·      Crença na superioridade da visão em relação aos outros sentidos. Haverá, de facto, uma hierarquia de sentidos, como sugere Berger? Ou trata-se de um pressuposto advindo do ocularcentrismo da sociedade ocidental?
  • ·      Visão convoca a presença do mundo, constituindo o universo em torno do sujeito que vê (centro do círculo imaginário convocado pelo autor na frase final do excerto)


Importa, pois, sublinhar o caráter simultaneamente i) idiossincrático e ii) cultural da visão, enquanto performance condicionada por fatores endógenos e exógenos.
i)              Idiossincrasia
A nossa vivência é gnosiologicamente enquadrada por diversos campos experienciais e narrativos que ativam determinadas configurações semânticas. Estas grelhas de leitura (ou conjuntos de possibilidades interpretativas) condicionam o modo como o olhar constrói uma visão, enquanto totalidade coesiva e coerente [procura de sentido regula as interações humanas]. Trata-se, assim, de um processo dinâmico, em constante reajuste milimétrico, realizado segundo a segundo, num dado contexto espacio-temporal, até encontrarmos, ou melhor, construirmos um quadro visual (mais ou menos) estável, dentro das nossas competências e expetativas interpretativas.
ii)             Cultura
Cada época desenvolve um regime visual particular — práticas/modos de ver, em parte condicionados pela tecnologia (no contexto contemporâneo, considere-se o modo como o olho é fisicamente alterado devido à interação com interfaces tecnológicos, por exemplo).

Também as políticas de identidade vigentes convocam narrativas, aglomeradas em categorias distintas e mutuamente determinantes (ex. raça, etnia, idade, género, orientação sexual, classe social, educação, religião, nacionalidade...).

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