A corrente existencialista perdeu alguma da sua importância nas últimas décadas do século XX, no entanto esta filosofia continua a dizer muito sobre a nossa natureza como pessoas livres, nunca delimitadas, cheias de possibilidades, e sobre a forma como podemos encarar a vida. Vou partilhar aqui alguns dos filósofos desta corrente e algumas das suas filosofias, importantes para as nossas questões, e como guia para uma vida melhor.
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Kierkegaard
A essência não existe, apenas a existência: nada está definido no mundo, tal como o homem também não está. O ser humano, em geral, e o indivíduo, no particular, são quem cria história. A história não está previamente formada, não estamos a cumprir um destino planeado, como os filósofos anteriormente pensavam. Isto faz-nos ser mais responsáveis pelas nossas acções.
A verdade subjectiva: a verdade é subjectiva, logo a minha verdade é apenas minha. Uma verdade só é alcançável quando o indivíduo trabalha para a ter, não é algo exterior a ele. Não podemos seguir verdades pré-formadas por outros, somos nós que temos de construir a nossa própria verdade.
Em relação a isto, Kierkegaard ainda defende as minorias, cujas verdades menos propagada são menos artificiais. (Muito aplicável à ideologia contemporânea!)
A subjectividade do indivíduo: o indivíduo é indefinido, cada um tem a sua subjectividade e complexidade. Não podemos delimitar um indivíduo pela sua aparência ou classe, nem pelas suas inclinações religiosas (Kierkegaard não ia à missa, tinha um ligação com Deus íntima, no entanto, foi sempre discriminado por esta opção.)
Ou/Ou
Migalhas Filosóficas
Ou/Ou
Migalhas Filosóficas
Nietzsche
Quebrou com todos os ídolos, ou seja, todos os valores da sociedade ocidental que enfraqueciam o homem como ser que é a ponte para o super-homem. Nietzsche tinha uma filosofia determinista, em que as coisas estão já determinadas, mas falava na força de vontade que faz cada um alcançar a excelência dos seus talentos e, ainda mais, superar as suas fraquezas.
Assim Falou Zaratustra
Para além do Bem e do Mal
Assim Falou Zaratustra
Para além do Bem e do Mal
Heidegger
A existência: o indivíduo quando nasce é "atirado" para a existência, fazendo-o forçadamente fazer parte da vida e da história. O indivíduo deve assim cumprir o seu papel como agente para a história do seu tempo.
Autenticidade: é quando temos a noção real de que vamos morrer que vemos a nossa vida como autêntica, ou seja, completa em si mesma. Um indivíduo deve esforçar-se para ser autêntico, é assim que consegue ser-se em inteireza, sentido a vida de modo subjectivo e íntimo, mas completa. Toda a superficialidade que nos rodeia faz-nos esquecer do caos e dos medos que residem dentro de nós. Uma vida autêntica repudia essa superficialidade, pois constantemente distraídos nunca podemos alcançar a nossa autenticidade como seres humanos, autenticidade que passa por encararmos esse caos e esses medos.
Ser e Tempo
Carta Sobre o Humanismo
Ser e Tempo
Carta Sobre o Humanismo
Sartre
Liberdade: com a ausência de Deus, ou seja, de alguma ordem ou moral válida no mundo, o homem está condenado à liberdade total. Isto implica um desamparo em relação a objectivos ou crenças - a nada nos podemos agarrar. Este desamparo é resolvido por Sartre, pois o Homem precisa sempre de um amparo, algo concreto para viver (moral, valores). Esse objecto concreto é a própria humanidade.
O Ser e o Nada
O Existencialismo é um Humanismo
O Ser e o Nada
O Existencialismo é um Humanismo
Camus
A vida é um absurdo. Não há objectivo nela, piorando ainda com a questão de ser vã. Camus ensina-nos a viver com o absurdo, pois mesmo vivendo nesta constante repetição, em que esperamos pela derradeira hora da nossa morte, nós não nos matamos. Quando não nos matamos estamos a contradizer a maldição em que estamos metidos e, por isso, ele diz que temos de imaginar Sísifo feliz.
O Mito de Sísifo
O Mito de Sísifo
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Deixo-vos com a tarefa de reflectir como algumas destas formas de ver o mundo podem ajudar-nos a compreendê-lo, assim como a compreendermo-nos como indivíduos e como agentes no mundo.
Rogério Cruz
Grata pela reflexão, Rogério. Nestes casos, conviria colocar bibliografia de referência (de onde tirou estas ideias? da bibliografia primária, obras dos autores citados, ou de uma entrada enciclopédica, por exemplo?).
ResponderEliminarRetirei uma frase ambígua na secção de Sartre: "Sartre diz que devemos aplicar esta necessidade do homem ter amparo na humanidade". Reescreva de modo a clarificar a sua ideia e acrescente ao post.
Não pus bibliografia porque escrevi um resumo de algumas ideias de memória, mas acrescentei agora as obras principais de cada autor. Também clarifiquei a última frase de Sartre, espero que agora esteja mais claro.
ResponderEliminarGrata.
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