terça-feira, 7 de outubro de 2014

Regulação da publicidade

Boa noite a todos,
o artigo que vou postar já não é recente, remonta a 2010, mas acho que o assunto abordado é bastante interessante e relaciona-se com aquilo que temos vindo a aprender e debater nas aulas de Cultura Visual. Leiam “Publicidade: Comunidade Contra a Sida critica ‘publicidade pornográfica e sexista’ à porta das escolas”, aqui
Perguntas que se impõem após leitura: concordam com posição da Comunidade Contra a Sida? Ou acham que a publicidade tem o direito de «explorar» o público da forma que entender, sem qualquer tipo de limites?
Catarina Lopes

6 comentários:

  1. De facto é um tema bastante polémico, pelo que aquilo que deve ser considerado menos próprio varia de pessoa para pessoa, embora seja considerado, geralmente, a pornografia como algo impróprio, especialmente numa situação publicitária. Aliás, o que mais me choca é precisamente o facto de estes outdoors estarem numa zona frequentada por crianças! Como se o assunto já não fosse polémico suficiente, conseguem piorar com a localização destes cartazes. Considero que assuntos aceites na generalidade da população como "polémicos" (e coloco entre aspas porque esta noção varia bastante) não devem ser publicitados de forma tão evidente. Há meios de divulgação mais apropriados e que se dirigem especificamente a um público que possa aderir a estes produtos. Não faz sentido colocar um outdoor destes frente a uma escola.
    Para concluir deixo que a minha posição é contra a forma como o assunto foi exposto pelo canal televisivo e que a Comunidade Contra a SIDA agiu como qualquer um de nós deveria ter agido.

    Henrique Albuquerque

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    1. Partilho totalmente da tua opinião, Henrique. Este artigo captou a minha atenção precisamente por espelhar bem forma invasiva, e até mesmo perversa, como as estratégias de publicidade são orquestradas de modo a conseguirem alcançar os seus fins, sem terem qualquer tipo de contemplação pelo impacto negativo que isso pode ter no público.

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  2. Temo-nos vindo a aperceber que a indústria publicitária não tem propriamente grandes escrúpulos em explorar os sentimentos mais básicos do ser humano, em prol do lucro. Não sabemos se os responsáveis por esta campanha publicitária terão pensado em angariar assinantes do canal porno entre os jovens adolescentes da escola junto à qual estava situado o outdoor. É sem dúvida importante proteger as camadas populacionais mais novas do apelo à pornografia, embora hoje a população (incluindo os jovens) tenha acesso a uma série de conteúdos mais ou menos pornográficos, mais ou menos violentos, nos canais de televisão acessíveis em pacotes "regulares" fornecidos pelas companhias. Ou seja, os termos da reação da Comunidade contra a SIDA parecem-me demasiado moralistas, como se a pornografia fosse um universo restrito e (quase parece, pelo tom) amaldiçoado.

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  3. Certamente o objectivo da campanha não foi o de angariar assinantes do canal entre os jovens das escolas, até porque não tendo rendimentos próprios não são considerados "consumidores". Nem esta campanha tem nada que ver com as que acontecem pela altura do Natal, nas quais o objectivo é aliciar crianças e jovens, que por sua vez tentam persuadir os pais, os verdadeiros "consumidores" já que são estes últimos que pagam pelo produto mesmo não sendo quem dele faz uso. Penso que aqui se aplica a frase "não existe má publicidade" embora esta considere de muito mau gosto. Isto significa que muito provavelmente o objectivo foi fazer com que a polémica expectável em torno desta campanha viesse trazer visibilidade adicional ao produto. É difícil acreditar que mesmo que o/a jovem pedisse (muito!!) o encarregado de educação lhe oferecesse a assinatura de um canal pornográfico. Em televisão existe já regulamentação que restringe certos conteúdos a determinados públicos. Não é por acaso que determinados programas, filmes etc. passam mais tardiamente. Depois existem os canais específicos, por cabo, mas que podem ser bloqueados tal como determinados sites na Internet, pelos encarregados de educação. Por outro lado, esta campanha não descura o facto de ser pela altura da adolescência que os jovens despertam para a sua sexualidade, tentando inculcar-lhes uma maneira muito particular de a viver, que é aquela com a qual obviamente obtém os seus lucros. É como se estivessem a investir nos futuros consumidores de pornografia. Imagino os comentários nos intervalos (senão mesmo nas aulas)!! Isto leva-me a pensar nas frases "quem anda no convento é que sabe o que lá vai dentro" e "o fruto proibido é o mais apetecido". Curiosamente, tornar a sexualidade um assunto tabu nunca deu bom resultado. E é precisamente desse facto que os idealizadores desta campanha se fazem valer!

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  4. Concordo com as linhas gerais da sua intervenção, Sílvia, exceto quando refere que os jovens não são construídos pela indústria publicitária como consumidores, pois sabemos serem um dos nichos do mercado mais apetecido. De facto, geralmente, nos países ocidentais, os jovens têm acesso a dinheiro próprio (semanadas e mesadas, dinheiro de pequenos trabalhos), e também têm bastante autonomia de escolha no momento de escolher os produtos (ainda que estes sejam pagos pelos pais).
    Os motivos que presidiram à escolha do local do outdoor desta campanha aqui referida permanecem, porém, algo nebulosos...

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  5. Vou tentar dar outra prespectiva ao tópico.
    Em relação ao outdoor: acho que é vulgar; em relação à polémica: acho que é exagerada.
    Se as crianças ainda tiverem a sua inocência não vão ligar ou sequer fazer sentido das frases. Vai ser mais um outdoor com uma frase em inglês/espanhol que eles não percebem.
    Se já estiverem curiosos não vejo o mal de saberem sobre a pornografia.
    Eu sei que é um tabu mas temos de pensar: também o era a homossexualidade (era CRIME punível por lei (No Reino Unido)). Se há uns anos atrás a publicidade fosse com 2 gays a dar as mãos (ou a beijar-se eww) quais seriam as reações? As mesmas que estamos a ter agora em relação à pornografia. É obsceno, as crianças não deviam ver isto, coisas do diabo bla bla bla.
    Por isso: open minded sempre. Mas é normal achar estas coisas abjetas; até génios como Aldous Huxley e Thomas Moore acreditavam plenamente que a escravidão era uma coisa normal e moralmente correta. Somos produtos da nossa geração.
    ps: O que me choca mais é ainda haver pessoas que pagam por pornografia.
    -André Graça

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