Gostaria de
começar este post com uma das citações mais partilhadas de Ways Of Seeing, da autoria de John Berger: "The mirror was often used as a symbol of the vanity of
woman. The moralizing, however, was mostly hypocritical. // You painted a naked woman because you enjoyed looking at her, you put a mirror
in her hand and you called the painting 'Vanity', thus morally
condemning the woman whose nakedness you had depicted for your own pleasure".
Paulus Moreelse, Girl with a Mirror, an Allegory of Profane Love , 1627
Com isto quero retomar o assunto brevemente discutido na aula de ontem — a sexualização feminina, e a proibição da exposição dos mamilos. Todos sabemos que é socialmente aceite os homens andarem de tronco descoberto, e tal não é visto como algo obsceno ou indecente. Já com as mulheres, algo muito diferente se sucede. A figura feminina é tão excessivamente sexualizada que o simples ato de retirar uma camisola e descobrir o peito, tal como um homem faria, é obsceno. E cada vez mais o é.
Quanto às redes sociais, é evidente a
dualidade de critérios entre exposição feminina e masculina. Relembremos como a foto
de Justin Bieber nu, virado de costas para a câmara, motivou comentários em
grande parte positivos. Já a foto de Demi Lovato de bralette estava repleta de comentários
vis e insultuosos, não só focados na roupa que tinha vestida, como no excesso ou falta (ele há gostos para tudo!) de
maquilhagem, no seu peso, no penteado...
Uma mulher nunca
está certa, nunca é humilde ou confiante o suficiente. No entanto um homem pode
expor-se de qualquer modo, “está no seu direito” e todos assentimos. Cada vez
mais há um sentido de posse sobre o corpo feminino, que parece pertencer a
toda a gente menos à(s) sua(s) própria(s) dona(s). Ou seja, retomando a ideia de Berger, a exposição de
uma mulher só é aceite quando é para o benefício de um homem, e ainda assim é criticada. Até quando?
Deixo-vos apenas com esta reflexão e votos de um excelente fim-de-semana!
- Ângela Baltazar, 150871
Grata pelo desenvolvimento desta temática aflorada na aula, Ângela. De facto, estamos numa época bastante conservadora em que o policiamento do corpo feminino serve sobretudo os interesses masculinos, como sublinha. Para mais, o facto de os homens se poderem expor fisicamente parte do pressuposto de que as mulheres não sentem desejo sexual, são seres pouco eróticos, ao contrário dos homens, facilmente provocados pela tentação da carne (por isso as mulheres não podem abusar da sua sorte ou correm o risco de serem maltratadas... como merecem!).
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