Esta notícia que encontrei recentemente enquadra-se no âmbito desta cadeira, pois aborda um tipo de ativismo relacionado com a moda. Adama Amanda Ndiaye, conhecida como Adama Paris, foi a criadora da semana da moda do Senegal, a Dakar Fashion Week, chamada também Black Fashion Week.
Em entrevista a a estilista descreve o seu ativismo como sendo “uma forma de colocar valor nas coisas, fazer dinheiro, porque ele é poder e o poder leva-te onde quiseres”. Paris desde muito cedo sonhava ser estilita; contudo o seu pai sempre se opusera. Quando acabou os estudos empenhou-se na sua primeira coleção. Era difícil para uma mulher negra conseguir sucesso nesta área, não tinha dinheiro nem as relações necessárias para se conseguir lançar. Contudo, ao tornar-se oficialmente designer decidiu voltar para o Senegal e criar algo que nunca tinha sido visto neste país, uma semana da moda.
A designer confessa que teve problemas com o nome. As pessoas não gostavam do qualifictivo "black" e quando foi à LÓreal disseram-lhe que optasse por uma designação como "African Fashion Week" poderiam patrocinar o evento. Foi a partir deste momento que começou o seu ativismo.
"Nunca tinha pensado sobre o racismo até esta altura, só queria fazer moda, moda negra. Então perguntei-lhes: 'Porque razão têm problemas com a palavra negro, se eu não tenho problemas com brancos ou latinos?". Percebi nesta altura que não posso ser apenas designer, preciso de ser ativista e usar isso no que quer que eu faça. E quero patrocinadores que me apoiem dessa forma. Por isso, para mim, a BFW é uma extensão mais poderosa da DKF, nela há modelos negros, indianos, asiáticos e é essa diversidade que eu quero mostrar’’, afirma a estilista.
O seu objetivo é também incentivar os jovens, pois segundo ela: ‘’O meu ativismo é colocar valor nas coisas e fazer dinheiro. Porque dinheiro é poder e poder leva-te onde quiseres. Eu não sou de sair às ruas com placas, mas sei que isso é necessário. Acredito que fazer dinheiro provoca mudanças. Eu sei que é desagradável para algumas pessoas, que elas podem dizer que eu não sou artista, mas uma mulher de negócios. Hoje em dia é necessário ser-se os dois para competir com o grande sistema 'branco'".
Defensora da cultura e da moda, Adama Paris acredita que 'negro' representa uma cultura, não apenas uma cor — "Para as pessoas é o contrário. Hip hop ou jazz é musica negra, no entanto a moda não é vista da mesma forma. Eu quero mostrar que negro é cultura.’’
Inês Pires, nº52357
Viva, Inês, grata pela partilha! Teria sido importante acrescentar um link para o artigo de onde retira as citações. Atenção ao título, pois a sua anterior escolha (que tomei a liberdade de editar) gerava bastante ambiguidade...
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