Esta semana, no dia 8 de Março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Acho por isso pertinente partilhar aqui a letra desta
canção que incentiva a comportamentos violentos contra as mulheres.
Durante o dia 8 de Março, entre publicações de facebook e mensagens privadas que recebi, apercebi-me de que poucas pessoas sabem a razão de este dia ser assinalado. De facto, esta data tornou-se uma boa estratégia de marketing para venda de presentes e comemorações em restaurantes, discotecas, bares…
Nada contra estas comemorações, só acho que se devia ter em mente o motivo de este dia ter sido instituído e de ainda hoje ser preciso lutar pela igualdade de género e pelo respeito das mulheres.
Os excertos da canção que aqui vos deixo provam que ainda há
um longo caminho a percorrer.
Azar da Belita (ft. Prodígio & Edmázia)
C4 Pedro
“Quando estou no club. Elas vêm com aquela mania do estilo
Hmmm, não quero
Sei lá
Não fazes o meu estilo?!
Não gostei de ti!
E eu tento me controlar nem tipo…vou nas calmas!
…
Você faz de propósito
Dando paulatinamente
Mas quando eu te agarrar vais te arrepender
…
Estás a me dar baile
Não vou te perdoar, jamais!
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Belita, aceita
…
Me respeita, sou rei da coloca
Estás só a me barrar pra quê
Estás mbora me nervar!
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Bélita, aceita
…
Eu até já sei, vou te arrastar
Bo tem mel, mas tu sabes
É melhor não duvidar
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Bélita, aceita
Azar da Bélita
Isso é azar”
A canção foi muito criticado nas redes sociais e o cantor, C4
Pedro, veio a público pedir desculpa e retirou o vídeo.
Agora já não podemos ver mas no vídeo, além desta
letra que fala dos azares que poderão suceder à mulher assediada se ela não aceitar ser seduzida, podíamos
ver uma mulher aterrorizada a ser perseguida por um grupo de homens que a
intimidavam. Verifica-se, pois, o incentivo ao assédio de rua, à violência e até à
violação. E infelizmente, este tipo de canções são cada vez mais frequentes.
É disto que falo quando me refiro ao longo caminho que ainda temos que
percorrer.
Carolina Moreira, nº 52026
Grata pela partilha, Carolina, deixo aqui o link da Carta Aberta ao C4 Pedro, publicada no site feminista Capazes (de onde retirei a imagem que tomei a liberdade de acrescentar ao seu post), com o resultado de um inquérito realizado pela UMAR (União Mulheres Alternativa Resposta, uma associação onde fiz voluntariado há uns anos) — sabiam que "22% dos jovens aceitam manifestações de violência em relações de intimidade;e 32,5% dos rapazes (em oposição a 14,5% das raparigas) acham normal que se force as relações sexuais"?
ResponderEliminarLeiam o texto aqui — http://capazes.pt/cronicas/carta-aberta-a-c4-pedro/view-all/
Obrigada professora, eu na altura que esta música começou a circular também li esse texto e costumo até acompanhar o site. As estatísticas são assustadoras e não é só isso, é que os comentários feitos às indignações relativamente a esta música eram do género: mas qual é o mal da música? Estão sempre a arranjar problemas onde eles não existem. As pessoas simplesmente não percebem ou acham normal canções deste género.
ResponderEliminarCarolina, nº 52026
A misoginia institucionalizada torna-se "natural" e invisível; o mesmo sucede no caso dos textos publictários que veiculam mensagens semelhantes.
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