domingo, 13 de março de 2016

Reflexão sobre a violência contra as mulheres


Esta semana, no dia 8 de Março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Acho por isso pertinente partilhar aqui a letra desta canção que incentiva a comportamentos violentos contra as mulheres.

Durante o dia 8 de Março, entre publicações de facebook e mensagens privadas que recebi, apercebi-me de que poucas pessoas sabem a razão de este dia ser assinalado. De facto, esta data tornou-se uma boa estratégia de marketing para venda de presentes e comemorações em restaurantes, discotecas, bares…

Nada contra estas comemorações, só acho que se devia ter em mente o motivo de este dia ter sido instituído e de ainda hoje ser preciso lutar pela igualdade de género e pelo respeito das mulheres.
Os excertos da canção que aqui vos deixo provam que ainda há um longo caminho a percorrer.

Azar da Belita (ft. Prodígio & Edmázia)
C4 Pedro

 “Quando estou no club. Elas vêm com aquela mania do estilo
Hmmm, não quero
Sei lá
Não fazes o meu estilo?!
Não gostei de ti!
E eu tento me controlar nem tipo…vou nas calmas!
Você faz de propósito
Dando paulatinamente
Mas quando eu te agarrar vais te arrepender
Estás a me dar baile
Não vou te perdoar, jamais!
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Belita, aceita
Me respeita, sou rei da coloca
Estás só a me barrar pra quê
Estás mbora me nervar!
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Bélita, aceita
Eu até já sei, vou te arrastar
Bo tem mel, mas tu sabes
É melhor não duvidar
Aceita agora, aceita
Porque depois vai ser pior
Esse é o azar da Bélita, aceita
Azar da Bélita
Isso é azar”

A canção foi muito criticado nas redes sociais e o cantor, C4 Pedro, veio a público pedir desculpa e retirou o vídeo. 

Agora já não podemos ver mas no vídeo, além desta letra que fala dos azares  que poderão suceder à mulher assediada se ela não aceitar ser seduzida, podíamos ver uma mulher aterrorizada a ser perseguida por um grupo de homens que a intimidavam. Verifica-se, pois, o incentivo ao assédio de rua, à violência e até à violação. E infelizmente, este tipo de canções são cada vez mais frequentes. É disto que falo quando me refiro ao longo caminho que ainda temos que percorrer.

Obrigada mas eu não quero presentes, flores ou jantares. Eu quero respeito!

Carolina Moreira, nº 52026

3 comentários:

  1. Grata pela partilha, Carolina, deixo aqui o link da Carta Aberta ao C4 Pedro, publicada no site feminista Capazes (de onde retirei a imagem que tomei a liberdade de acrescentar ao seu post), com o resultado de um inquérito realizado pela UMAR (União Mulheres Alternativa Resposta, uma associação onde fiz voluntariado há uns anos) — sabiam que "22% dos jovens aceitam manifestações de violência em relações de intimidade;e 32,5% dos rapazes (em oposição a 14,5% das raparigas) acham normal que se force as relações sexuais"?
    Leiam o texto aqui — http://capazes.pt/cronicas/carta-aberta-a-c4-pedro/view-all/

    ResponderEliminar
  2. Obrigada professora, eu na altura que esta música começou a circular também li esse texto e costumo até acompanhar o site. As estatísticas são assustadoras e não é só isso, é que os comentários feitos às indignações relativamente a esta música eram do género: mas qual é o mal da música? Estão sempre a arranjar problemas onde eles não existem. As pessoas simplesmente não percebem ou acham normal canções deste género.

    Carolina, nº 52026

    ResponderEliminar
  3. A misoginia institucionalizada torna-se "natural" e invisível; o mesmo sucede no caso dos textos publictários que veiculam mensagens semelhantes.

    ResponderEliminar