Com o final do semestre a aproximar-se, muitos de nós estão quase
a terminar a licenciatura, eu incluída. Por isso, e porque foi referido numa
apresentação oral na sexta que um político sugeriu há uns tempos a emigração
como solução para o desemprego nacional, lembrei-me de partilhar esta reflexão.
O estado da educação neste país é miserável. As escolas são
cada vez mais depósitos de criancinhas, para livrar delas os pais super
ocupados. Os miúdos da primária já fazem exames, já estão o dia todo na escola,
com cada vez mais disciplinas e actividades extra-curriculares. Já não podem
ser simplesmente crianças e brincar, são pressionadas desde cedo. Também não
há espaço para o pensamento livre, só para decorar aquilo que o professor diz e
está no manual. Os professores são avaliados e despedidos, as escolas fecham.
No ensino superior, o cenário também não é melhor, com o aumento
das propinas e a complicação progressiva das condições para adquirir uma bolsa
da DGES.
Após os estudos, somos confrontados com a falta de
oportunidades e de emprego. Muitos de nós, muitas vezes não querendo, somos forçados
a emigrar à procura de melhores condições de vida e de emprego.
Somos a “Geração sem renumeração”, como cantam os portugueses Deolinda, a geração à rasca, que
estuda, tem curso superior e, ainda assim, vive na "casinha dos pais, adia tudo e
é escravo". Esta ideia de que “para ser escravo, é preciso estudar” e “já é uma
sorte eu poder estagiar”, corresponde infelizmente à realidade de hoje em dia,
em Portugal, onde vários jovens licenciados estão desempregados ou fazem
estágios não renumerados, onde são mal tratados e explorados ao máximo, para
depois não serem contratados de qualquer das formas.
Deixo aqui esta música e também duas notícias, com estudos
que indicam que ir em Erasmus e fazer estágios curriculares, reduz o risco de
desemprego — Erasmus e Estágios.
Que Parva que Eu Sou
Deolinda
Sou da geração sem remuneração
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai
continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'casinha dos pais',
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'vou queixar-me para
quê?'
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva eu não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva eu não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Cristina Ribeiro. Nº 48510
Sim, relativamente ao programa Erasmus, também concordo que viver no estrangeiro é uma ferramenta de aprendizagem incrível, que nos possibilita não só crescer enquanto pessoas (fora da nossa zona de conforto) como enquanto profissionais (mais flexíveis e capazes de diálogo com a diferença). Função idêntica cumprem os estágios, que servem ainda para tornar o vosso CV distinto e gerar competências de trabalho no "mundo real".
ResponderEliminarE os Deolinda são uma banda muito inspiradora, na sua versão politizada da canção popular.