terça-feira, 24 de outubro de 2017

Políticas de Identidade na Coreia do Sul

Seguindo a deixa da colega Mariana, venho apresentar-vos a Amber Liu num âmbito mais positivo do mundo do kpop.



A Amber é uma kpop star membro do grupo f(x) que veio subverter ideias de expressão de género num país e numa indústria onde a feminilidade e a masculinidade só se cruzam para a fetichização de aparências e tentativas de humor controversas. A imagem dela, ao contrário do que se possa pensar, não foi um produto de marketing; o estilo tomboy é parte intrínseca dela e recusou-se a abdicar do que a fazia sentir-se confortável, apesar das inúmeras tentativas por parte de estilistas e da própria empresa SM para mudar o seu estilo.

Claro que isto a torna alvo de comentários maldosos, onde há um constante questionamento da sua identidade de género e da sua sexualidade, mas a Amber não tem medo de se pronunciar sobre o assunto nas redes sociais onde constantemente apela à gratidão, ao amor-próprio e à liberdade de expressão como armas para vencer a opressão. Sobre os rumores de namorar com algumas colegas de trabalho, tema que na Coreia do Sul consegue arruinar carreiras, Amber diz em entrevista para a Arirang Radio em 2015: "The funny thing is, I'm dating more girls than guys, which is [funny], cause you know, I'm close with you, [BTOB's] Peniel, [C-CLOWN's] Rome. But when I'm with guys, nothing is like I'm dating Aron or Peniel, it's like I'm dating Krystal or Minah, and it's cute".

Sobre o conceito de beleza, ela tem uma perspetiva própria sobre a qual fez uma música e falou numa entrevista à Mochi Magazine, em 2015: "Beauty is about accepting yourself for who you are. I believe we were all made a certain way for a reason and living life is just about figuring out what to do with it. Society now places a huge weight on looking 'perfect' and I’ve seen people tear themselves apart striving for it, including myself. But when you figure out that none of it matters, life becomes a billion times better". Ainda sobre esta temática, Amber também fala dos obstáculos que ultrapassou quanto à anorexia e o suicídio, num videoclip que produziu sozinha — Borders.

Gostaria de ouvir as vossas opiniões sobre a heteronormatividade na Coreia do Sul e na indústria do kpop, principalmente agora que parece haver cada vez mais idols a seguir as pesadas da Amber e a serem mais abertos quanto às suas crenças pessoais, apesar do constante policiamento dos fãs e dos media.

Tânia Viegas

2 comentários:

  1. É bastante positivo ver que as pessoas na Coreia do Sul mostram querer realmente mudar alguma coisa naquele país. De certa forma não se ouve falar muito do que se passa lá, e certamente as informações são ''ocultadas'' da mesma forma que as pessoas que vivem lá parecem ter pouco acesso ao que se passa fora daquele ''mundo''. A opressão, discriminação, assuntos como tabu, a falta de liberdade de expressão parecem-me ser a mim caracteristicas bastante evidentes neste país, e é bom ver que existem pessoas que estão a praticar um ativismo, a querer mudar as mentes das pessoas, a mostrar que existe muito mais para além daquilo em que vivem.

    Inês Pires, nº52357

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  2. Grata pela partilha de tanta informação sobre este mundo para mim desconhecido do Kpop. Confesso não ser especial fã deste tipo de música, que me parece obedecer a um registo muito comercial, mas é interessante saber que existem artistas com a coragem da Amber para explorar fronteiras e desafiar o modelo heteronormativo.

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