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sábado, 2 de maio de 2020

A beleza sempre tem um preço, mas a que custo?




Já se perguntaram de onde vêm as extensões de cabelo humano? Pois bem…. Aqui está uma história arrepiante de uma mãe indiana que cortou e vendeu o cabelo por apenas 1,81€ para dar de comer aos filhos que estavam esfomeados. Esta família, como tantas outras nos países menos desenvolvidos, vive numa situação muito precária, sendo levada a tomar medidas extremas como a desta mãe (ou do pai das crianças que acabou por cometer suicídio). É um absurdo pensar que esta mãe vendeu o cabelo por tão pouco e, no entanto, esse mesmo cabelo vai ser revendido por preços exorbitantes nos países mais desenvolvidos.
A China e a Índia são dos maiores fornecedores de cabelo humano. No entanto, na Índia, existe um ritual em que as mulheres oferecem os cabelos,O cabelo provém de um ritual de tonsura, em que participam não só mulheres como também homens. No templo hindu de Tirumala, na cidade de Tirupati, Sudeste da Índia, 500 barbeiros cortam o cabelo a dez mil pessoas por dia. Ninguém sabe muito bem o que acontece às toneladas de cabelo humano dos crentes, mas fontes credíveis dizem que o cabelo é recolhido a cada seis horas e colocado em contentores selados até ao dia do leilão anual". Apesar disto, existem casos de mulheres na Índia que são assaltadas para lhes roubarem o cabelo: “Mais de 50 mulheres apresentaram queixa por lhes terem cortado cabelo enquanto estavam inconscientes”.
A prática de usar extensões de cabelo humano é maioritariamente para fazer com que as mulheres dos países mais desenvolvidos em que estes vão ser vendidos se sintam bonitas e na moda. A grande maioria das mulheres “comuns” quer usar extensões de cabelo sem pensar na razão. A resposta poderá estar no facto de quererem ser iguais às celebridades que as usam.
                  É verdade que a beleza sempre tem um preço, mas a que custo?
Termino com as palavras do jornalista Bruno Horta, que já acima citei: “É sabido que há cada vez mais mulheres que recorrem às próteses de cabelo humano para alcançarem um aspecto glamoroso. Mas o ponto de partida do negócio é ainda um enigma: porque razão há mulheres de países pobres que vendem ou doam o seu próprio cabelo - e em que condições o fazem?”
  Micaela Juravle

https://www.sabado.pt/mundo/detalhe/o-estranho-caso-de-roubo-de-cabelo-feminino-na-india

  • Horta, Bruno."Sabe de onde vem o seu cabelo?", Público, 14/12/2010
 
  • S/A, "De onde vêm os cabelos da moda?", Correio da manhã, 25/10/2009

  •  S/A, "Mãe vende cabelo por menos de dois euros para alimentar os filhos", M80, 3/03/2020

 

quinta-feira, 2 de abril de 2020

CONTRAPOINTS E CORPORALIDADE


Segundo o cânone clássico da filosofia acessível ao público pelo ensino secundário e pela opinião popular, quem filosofa são pessoas antigas de séculos passados, alemães rígidos com palavras compridas e sentido de dever. Dificilmente estabelecemos uma ponte entre o panteão dos filósofos e os assuntos mais quentes da contemporaneidade, como feminismo e políticas de género  no ocidente. Afinal quem é que participa na filosofia hoje em dia?
O tema da corporalidade, por exemplo, foi abordado em 1962 por Merleau-Ponty apontando uma relação entre a consciência social, cultural e o corpo: “A cultura científica ocidental requer que tomemos os nossos corpos simultaneamente como estruturas físicas e como estruturas experienciais vividas”.[1]  A corporalidade é o modo como habitamos o corpo ocupado por toda as questões da vida. Cada corpo tem uma experiência diferente. Cada uma destas experiências resulta de preconceitos, hábitos, medos e vivências.
Os intelectuais de hoje vêm de vários backgrounds, o canal de YoutUbe ContraPoints é um bom exemplo para começar. Natalie Wynn, a sua autora, é uma mulher transgénero que deixou a carreira universitária em Filosofia para se dedicar a este projeto. O seu canal nasceu para argumentar contra conteúdos alt-right (alternative right) e de extrema direita, discutindo também políticas de género no atual ambiente político. Por exemplo, o seu vídeo Men propõe um diálogo com uma comunidade pouco discutida na coletividade de esquerda na internet: os novos homens, adaptando-se às exigências dos tempos contemporâneos e sentindo-se, por vezes, atacados pelo discurso do feminismo radical(izado).



Natalie Wynn
Wynn sublinha que poucas pessoas têm a experiência de viver em dois géneros diferentes e poder olhar o mundo de perspetivas distintas. Sendo trans, a filósofa-performer admite que pode ter algo de interessante para partilhar relativamente à sua experiência. O facto de ser uma mulher branca fê-la perceber que, em geral, as mulheres têm direito a ser cuidadas, “os homens fazem coisas por mim”, andar à noite tornou-se mais assustador e agora não mete medo a ninguém (“ninguém tem medo de mim”). Ou seja, o fator que mudou não foi só o corpo, mas sim a forma como as outras pessoas respondem a esta corporalidade, social e culturalmente.
Segundo a youtuber, os homens são tratados como perigosos por definição. Isto pode ser malicioso especialmente se tivermos em conta outras identidades. Natalie Wynn conta a situação num elevador onde ela se encontrava sozinha com um homem negro, que começou a assobiar a música infantil “Row Row Your Boat”, numa tentativa de mostrar a sua inocência. Tendo em conta os preconceitos raciais da cultura estado-unidense, Wynn apercebeu-se de que aquele homem temeu que ela tivesse medo por estar sozinha com um homem negro. Sugiro, pois, vivamente uma tarde a ouvir os pensamentos e opiniões desta mulher e de outros youtubers como Kat Blaque e Oliver Thorn.


Kat Blaque
Ana Nobre

[1] Dreyfus, Hubert L. "The Embodied Mind, Cognitive Science and Human Experience" Mind, vol.102, no. 407, 1993.

domingo, 1 de março de 2020

A indústria do tabaco em Portugal_1970

Ainda a propósito da Cultura do Consumo (aula 19 de fevereiro) e dos perigos que esta acarreta, não só em termos ambientais como também pela exposição a produtos tóxicos a que estamos sujeitos, partilho dois documentários acerca da indústria do tabaco em Portugal nos anos de 1970.

Imagem do documentário Tabaco - uma cadeia de exploração.
A exposição a que estão sujeitos os trabalhadores de fábricas de produtos tóxicos é enorme, muitas vezes sem segurança e com fracas condições de trabalho (incluindo a poluição sonora), pelo que os trabalhadores têm a própria saúde condicionada, além de que muitas vezes esses perigos são aliados a um fraco rendimento salarial.

Imagem do documentário Tabaco - uma cadeia de exploração.
O primeiro documentário Tabaco– uma cadeia de exploração, da autoria do jornalista Luís Filipe Costa, aborda a publicidade ao tabaco, o seu consumo, a indústria do tabaco, os seus malefícios e a situação laboral dos cerca de 1400 operários de uma fábrica de tabaco nos arredores de Lisboa, ainda no rescaldo da revolução de abril. O documentário de 1975 destaca ainda a dificuldade em eliminar o consumo de tabaco na sociedade e os lucros da sua comercialização/mercado.

Imagem do documentário Tabaco - uma cadeia de exploração.
O segundo documentário, Tabaqueiros e Tabaqueiras é da autoria de Diana Andringa e Alfredo Caldeira. Aborda o problema da pobreza nos Açores, onde a plantação de tabaco, com recurso a mão de obra barata, é um dos poucos recursos para a sobrevivência da população.

Afonso S. Zeferino 155685 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O papel do Facebook no Brexit


Um dos assuntos mais controversos e mais falados da atualidade é o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. No contexto de manipulação através de publicidade e de propaganda, tive conhecimento de uma TED Talk da jornalista britânica Carole Cadwalladr sobre “O papel do Facebook no Brexit” que achei pertinente partilhar com todos.

Num breve resumo, um dia após o referendo do Brexit, Carole Cadwalladr viajou até à sua cidade natal de Ebbw Vale para perceber porque é que 62% dos seus residentes votaram para sair da EU. Ao questionar um jovem residente sobre os motivos que o levaram a votar para sair, a resposta foi que a União Europeia não tinha feito nada por ele e estava farto. Outras pessoas que encontrou pelo caminho responderam o mesmo, que estavam saturadas da situação política, principalmente relativamente aos emigrantes e aos efugiados.

Visto que Ebbw Vale tem um dos índices mais baixos de imigração do país e era visível por toda a cidade que vários edifícios tinham sido renovados com fundos da EU, a jornalista não percebeu onde é que as pessoas tinham ido buscar estas informações.
Acabou por descobrir que antes do referendo a campanha “Vote Leave” lançou vários apelos como estes que aqui reproduzo.



Esta propaganda política não foi pública. De facto, através da empresa Cambridge Analytica, a campanha “Vote Leave” conseguiu aceder a dados privados dos utilizadores da rede social Facebook com o único propósito de fazer um perfil político das pessoas de forma a compreender os seus medos individuais e posteriormente explorar a sua xenofobia. Antes de ser dissolvida em maio de 2018, a empresa terá recolhido ilegalmente informações sobre 87 milhões de pessoas em todo o mundo.

Como os anúncios foram partilhados no Facebook é difícil perceber quem os viu e que impacto tiveram, mas pelos resultados podemos calcular que o objetivo da campanha foi cumprido. Por outro lado, a jornalista acusa o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, de saber mais do que alegou quando foi contactado pelo parlamento da Grã-Bertanha e afirma que a nossa democracia liberal está viciada, controlada pelos os deuses do "Silicon Valley" que têm um poder enorme e saem impunes.

No fim deixa esta questão: “É isto que queremos? Sentarmo-nos a brincar com os nossos telemóveis à medida que a escuridão aumenta?” Carole Cadwalladr, TED2019.

Andreia Costa





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Por alguma razão estranha, não estou a conseguir fazer comentários no blogue, pelo que acrescento aqui uma nota sobre a importância de consultarmos fontes alternativas de informação, honrando o jornalismo de investigação (de que Naomi Klein é um exemplo). Deixo ainda o link para os documentários que revelaram as manigâncias da Cambridge Analytica (que apresentou falência para evitar julgamento, mas se reconstituiu em duas outras empresas, certamente dedicadas ao mesmo tipo de manipulação a favor da disseminação de políticas conservadoras). A democracia é uma construção dinâmica que pede o nosso constante contributo.
Diana V. Almeida

quinta-feira, 9 de maio de 2019

"I want you to panic for our planet!"

Muito boa tarde colegas,
Temos cerca de 12 anos até que o aquecimento global seja irreversível; ou seja, dispomos apenas de uma dúzia de anos para salvar o planeta e as espécies que o habitam.
Embora ainda existam imensas pessoas que ignoram o estado alarmante do nosso planeta, este ano tenho me deparado com muito mais iniciativas ambientais. Sinto que as pessoas ao meu redor e no mundo inteiro estão a ficar cada vez mais sensibilizadas relativamente a esta questão, assumindo comportamentos mais equilibrados.
Por exemplo, vejo cada vez mais pessoas a comprarem em lojas de segunda mão; a evitarem comer carne; a não utilizarem sacos de plástico; a preferirem palhinhas de metal ou de papel. E até me parece que estão a abrir mais mercados biológicos!
Mesmo nas redes sociais, como o Instagram, encontro vendas de produtos ecologicamente conscientes, como escovas de dentes de bambu, que são muito mais sustentáveis do que as de plástico (que podem demorar até 400 para se decomporem!), ou copos menstruais, que são reutilizáveis e podem poupar cerca de 10 anos de lixo. Encontro também informação relativamente a marcas de maquilhagem que ainda testam em animais, e que devemos evitar a todo o custo, como por exemplo:
  • Nars
  • L’Oreal
  • Estee Lauder
  • MAC
  • Benefit
  • Maybelline
  • Rimmel
  • Revelon
  • Covergirl
  • Clinique
  • Alamay
  • Chanel
  • Bourjeois
  • Armani
  • Tom Ford
  • Yves Saint Laurent
  • Sephora
  • Shiseido
  • Burberry
  • Dior
  • La Mer
  • Gurlain
  • Avon
  • Mary Kay
Gostaria de terminar este post partilhando algumas das notícias a nível ambiental que mais me deixaram feliz este ano, como: o supermercado na Tailândia que agora utiliza folhas de bananeira invés de plástico; o facto de Portugal começar a proibir palhinhas, cotonetes de plástico e qualquer saco que se fragmente em microplásticos até ao próximo ano de 2020; o jovem indiano que limpou dez lagos para manter uma fonte de água sustentável para a sua aldeia e, por último, um vídeo comovente de Greta Thunberg, uma ativista ambiental sueca de 16 anos que ganhou atenção mundial devido aos seus protestos e discursos de consciencialização ambiental.



 Muito obrigada pela vossa atenção, espero que este post vos faça pensar na vossa pegada ecológica e que vos motive a viver de forma mais ética e consciente!

Desejo-vos um bom resto de dia e até amanhã,

Cristina Isabel Dabó nº153574

#MeuPlanetaMeusDireitos

Imagem alusiva à primeira sessão desta campanha, decorrida em Bogotá 

  À medida que o tempo avança, assiste-se a uma cada vez maior destruição do meio ambiente. Podemos verificá-lo em inúmeras situações, entre as quais as mudanças de clima, ou os espaços verdes destruídos. Tudo isto compromete a vida das gerações atuais e futuras, pelo que se torna cada vez mais necessário informar as pessoas acerca dos perigos que daqui advêm, com consequências que poderão mesmo ser irreversíveis. Nos últimos tempos temos assistido a várias formas de mobilização para promover um meio ambiente mais saudável, nomeadamente as greves climáticas estudantis (Fridays for Future). No entanto, a luta por um meio ambiente saudável não se fica por aqui. 

    Neste sentido, a ONU, juntamente com algumas instituições parceiras, como a UNESCO e a UNICEF, lançou no passado dia 2 de maio a Iniciativa Global para Promover o Direito das Crianças a um Meio Ambiente Saudável — #MeuPlanetaMeusDireitos. Este projeto propõe várias reuniões, entre 2019 em 2021, em várias regiões do globo. O primeiro encontro decorreu em Bogotá (Colômbia) e ainda se voltará a repetir no Sudeste da Ásia e no Pacífico. Em 2020, o evento terá lugar na Europa, na América do Norte, na Ásia Ocidental e em África. Nestes encontros, as crianças e os jovens interessadas participam num inquérito online, onde expressarão as suas preocupações sobre o meio ambiente. A ideia será eles mesmos proporem soluções concretas para promover os seus direitos ambientais; estas propostas serão posteriormente partilhadas com os decision-makers a nível regional, nacional e internacional. Com base na informação reunida, desenvolver-se-á uma Declaração Global para o Direito das Crianças a um Meio Ambiente Saudável, a ser entregue aos líderes mundiais.


    Esta estratégia visa alertar para o impacto que os desequilíbrios da natureza têm na saúde e no desenvolvimento dos mais novos, que, juntamente com a população idosa, são os mais vulneráveis aos problemas ambientais. Tanto no interior como no exterior do local onde habitam, as crianças estão continuamente expostas a fatores que podem desencadear doenças, incluindo algumas que se mantém para o resto da vida. Por exemplo, dentro de casa poderão eventualmente estar expostas a água impura ou a alimentos contaminados, enquanto que no exterior se deparam com poluição atmosférica e depósitos de lixo a céu aberto. Aliás, é assustador pensar que, por ano, mais de 1,5 milhão de crianças abaixo dos cinco anos morrem devido a impactos ambientais evitáveis, conforme é apontado num artigo referente a esta campanha, disponível no site da ONU.

    Na minha opinião, este tipo de iniciativas são valiosas, sobretudo numa altura como o momento presente, em que é curto o tempo limite para alterarmos as políticas ambientais. Devemos travar a poluição do ar, a emissão de CO2 e a destruição dos ecossistemas, pois as consequências são nocivas não só para o próprio ambiente, como também para todos nós. Somos a geração do futuro e penso ser importante termos uma palavra a dizer através de iniciativas como esta, de forma a salvar o meio ambiente, que é um espaço coletivo.


Obrigada pelo vosso tempo: espero levar-vos a refletir e a ganhar interesse por esta iniciativa!


Carina Ferreira - 151930

terça-feira, 23 de abril de 2019

Novo 25 de Abril




Comecei a descontar para a “caixa” em 2003, assim que deixei de estudar e agarrei o primeiro emprego que me apareceu. Na altura, era gerente de livrarias, e muito mais bem pago do que hoje em dia, mas enfim, o pessoal precisa de comer e tem contas para pagar no final do mês. Comecei a trabalhar, com descontos, aos 22 anos, mas antes deitava mãos a tudo.
Aos 15 anos tive o meu primeiro emprego, numas férias. Trabalhei durante duas semanas numa colónia de férias que, então, já me pagava 20 contos de réis por duas semanas de trabalho a meio tempo. E daí para cá nunca mais parei. De operário fabril (sim, sem qualquer vergonha; se um homem – garoto – tem músculos há que trabalhar, saber dar valor à vida) até caixa de supermercado e repositor, sempre trabalhei e estudei para ter dinheiro para o cigarrito.
Há 13 anos, quando deixei a faculdade, trabalhei como livreiro, mal pago e maltratado. No fim de contas o que interessa é galinha gorda por pouco dinheiro. Que interessava ganhar menos do que o ordenado mínimo, afinal era tudo por amor à camisola, tudo por um bem maior, c’est à dire, a arte. Assim foi durante estes anos, nos quais o que encontrei em comum, de patrão para patrão, foram pequenos déspotas que se valiam de recém-formados para continuar a alimentar a gorda máquina do capital.
Mas bom, uma pessoa cresce. Já não se satisfaz com uma sandes de torresmo ou duas semanas na Costa da Caparica. Bolas, estudei tanto, de algo há-de valer. Procura aqui, procura ali, currículos à esquerda e à direita e eis que surge um trabalho em condições. Trabalhamos por turnos, não temos direito a natais ou anos novos (essa invenção capitalista), mas até parecem simpáticos, até nos dão 13.º mês e seguro de saúde. O melhor é aceitar, dizer que sim. Afinal, sempre há patronato em condições.
Só que não. Apenas nos acenam com meia dúzia de tapa-olhos. Quanto a nós, mais não somos do que carne para canhão. Um dia somos uma pessoa, com vida própria, direitos e deveres, como de um momento para o outro nos tornamos apenas num número… São agora maus – abrenúncio –, com um aumento de 50 euros ao longo de 6 anos e da efetividade ao fim de 5, queixo-me para e porquê?
Não pode ser assim tão mau. E não é, de facto, se para tal disser ámen a tudo e for uma “Maria-vai-com-as-outras”. Brio profissional? Isso é coisa de comunistas. O que interessa é dizer sempre que sim e deixar-se ir, qual cambada de carneiros.
A geração que me precedeu foi apelidada de “geração rasca”. A minha é rasca, à rasca e com as calças na mão. E não nos podemos virar a ninguém, a consciência política é para os outros, para os crescidos. Esquecemos, porém, que os crescidos, os nossos pais e avós, já fizeram a sua parte. Agora somos nós, é a nossa vez. Enquanto os nossos antepassados lutaram contra a P.I.D.E. e contra o senhor das botas, cabe a nós lutarmos agora contra a abjeta máquina do capitalismo. Dúvidas há em relação a isto? Percam um pouco de tempo e reparem nos milhares de jovens explorados em “call centers”, supermercados e outras macacadas capitalistas, que nos sugam a saúde, a juventude, os sonhos…
«25 de Abril sempre, fascismo nunca mais.» Mas, cuidadinho, este que tal, o fascismo, anda aí, mascarado de democracia, passando-se por cão manso, que à primeira hipótese morde. Fascismo nunca mais; capitalismo explorador jamais. Chega de cruzar os braços e vamos à luta. Já comecei a minha, e tu?

Ricardo Falcato, 110789

domingo, 7 de abril de 2019

Qual é o custo da roupa?

Boa tarde colegas,

Nas nossas aulas temos vindo a falar da indústria da moda, que recorre a um sistema de obsolescência percecionada através do lançamento de novas coleções, mais do que dezasseis vezes por ano, em países como os Estados Unidos. A verdade, porém, é que a produção e o consumo desenfreado de roupa originaram a segunda indústria mais poluente do planeta.

Como revela o documentário Litros de Roupa, da RTP1, no programa Linha da Frente de 17 de janeiro de 2019, a indústria de moda é, depois da agricultura intensiva, aquela que mais água gasta. DE referir também é a dependência dos combustíveis fósseis, pois, como vimos no documentário sobre No Logo, de Naomi Klein, a deslocação das fábricas para regiões como o Sudeste Asiático significa um aumento considerável de poluição atmosférica para transporte; isto para além do uso do poliéster, um derivado do petróleo.

Como é possível verificar na reportagem, há marcas que criam já alternativas para este tipo de problema, tornando a roupa biodegradável; contudo, os litros de água consumidos e a poluição causada continuam a ser um problema. Como podemos nós parar este problema? A resposta é simples, não cedendo ao convite de novas modas, mas inventando e recriando com criatividade as roupas que já temos!

É interessante ver que a marca de roupa que se encontra na reportagem vende, alegadamente, roupa biodegradável, demonstrando ter preocupações com o ambiente; porém, muda de coleção a cada 15 dias (é verdade, esta marca, no Colombo a cada duas semanas troca as roupas disponíveis!). "E o que acontece à roupa que não é vendida?" perguntamos-nos... na maioria das vezes é queimada.

Este problema que ocorre na indústria da moda já foi também retratado pelos criadores do movimento Minimalista, num documentário da Netflix,  com o nome de The True Cost. Felizmente há cada vez mais pessoas criativas que combatem este paradiga, reutilizando materiais como o plástico e criando roupa 100% biodegradável, como é o caso da marca suíça Freitag que produz roupas a partir de fibras que consomem muito menos água do que o algodão, como o cânhamo, por exemplo. Podem ver um pouco da história da marca e do processo de produção aqui:


Venho por este meio, mais uma vez, relembrar que nós temos um espírito crítico e possibilidade de escolha; por isso, apenas nos deixamos controlar se quisermos, está nas nossas mãos alterar a forma como agimos, de modo a causar um impacto no sistema,  porque, sim, temos agenciamento, basta querermos!

Bom resto de fim de semana, até quarta.
Micaela Henriques
Nº153621

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Agenda Núcleo do Ambiente

Boa tarde colegas, espero que se encontrem bem, física e mentalmente.

Aproveitando a ótica ambiental e ativista desta cadeira, sirvo-me desta plataforma para vos informar sobre alguns eventos que o Núcleo do Ambiente da FLUL vai realizar nesta e na próxima semana.

-Amanhã, dia 4 de abril
Visionamento do filme La Belle Verte, no Anfiteatro II às 18h
Este belo filme explora o conceito de antropoceno, a relação da espécie humana com a natureza.

Enredo: "No Planeta Verde a utopia realizou-se e as pessoas desenvolvem a mente e corpo em harmonia com o meio natural onde vivem. Este filme relata a história dos nativos desse planeta e da sua vinda à Terra, o que implica um enorme choque de valores."

-Sexta-feira, 5 de abril:
Workshop de desodorizantes à base de produtos naturais
Para quem quiser ser amigo do ambiente e da carteira. O workshop é grátis e não precisam de trazer nada.

-Sexta-feira, 12 de abril
Palestra "O Espírito e a Natureza", com o professor Paulo Borges (Departamento de Filosofia, especialista em pensamento oriental), no Anfiteatro II, às 18h.

Face à crise ambiental, percebemos que também estamos em face de uma grande crise espiritual. Por trás das recentes modas de yoga, meditação e auto-desenvolvimento, podemos reparar numa tentativa coletiva de nos reconectarmos com a parte que se esconde dentro de nós, o dito espiritual.
O que une, pois, a crise ambiental e a crise espiritual que se manifestam nos nossos dias?
Poderá o entendimento sobre o nosso íntimo espiritual levar a uma relação com a natureza mais sustentável? Poderá a perda da dimensão espiritual da nossa sociedade ser uma das grandes causas da decadência do nosso comportamento ecológico?

Aconselho a todos a presença nestes eventos, em especial na palestra do professor Paulo Borges, para alargarem a vossa visão, não só em torno do que temos vindo a estudar nesta cadeira, mas também em relação ao vosso mundo e vida pessoal.

Eu, o Núcleo e a Mãe Terra contamos com vocês.
Saudações académicas,
Liliana Santos

segunda-feira, 18 de março de 2019

Viver nos nossos corpos

Olá mais uma vez colegas!

Em relação ao que referi no post anterior, gostava apenas de voltar a sublinhar a importância de (re)criarmos as estratégias de representação do nosso corpo enquanto mulheres e homens contemporâneos.
Em contraste com o modo repugnante como são utilizados os corpos na publicidade, enquanto veículos de significado para que compremos um produto, existem outras realidades, como recordo sempre que me cruzo com o explosivo fenómeno da "spoken word poetry", no qual se destaca o ativismo de várias.
Partilho um exemplo, integrado numa TED Talk, da poetisa Rupi Kaur, que apesar de extremamente duro (e aviso desde já que descreve uma história de abuso sexual), nos encoraja a reclamar para nós mesmas (e mesmos) o nosso corpo e as suas representações. O convite é  reescrever o modo como nos relacionamos com o corpo, numa cultura que promove o descontentamento constante e uma série de paradigmas tóxicos sobre o que deve, ou não, ser a figura feminina e a figura masculina. 
Espero que possamos, aos poucos, começar a repensar e reinscrever o modo como vemos o(s) corpo(s) reclamando-o(s) criativamente, seja através de poesia, de elementos visuais ou de tudo aquilo de que nos pudermos servir para realizar o nosso ativismo, descobrindo como podemos agir no mundo.

Boa noite, e até à aula!

Leonor Madureira 150360

quinta-feira, 14 de março de 2019

Viva o Ativismo!

Boa tarde, colegas,

Hoje trago-vos um vídeo acerca de um tema bastante recorrente nas nossas aulas: as alterações climáticas e o estado cada vez mais decadente em que se encontra o nosso planeta. Neste vídeo ouvimos Greta Thunberg, uma jovem sueca que, em agosto de 2018, começou uma greve com repercussão por todo o mundo, poucos meses depois. 
Esta jovem recusou ir à escola sexta-feira, para ficar sentada à frente do Parlamento sueco, como forma de protestar contra a falta de ação do governo perante as alterações climáticas no nosso planeta. Conseguiu, depois, juntar amigos à causa, e, em pouco tempo, este movimento ganhou uma dimensão incrível. Greta é apenas uma criança, com mais consciência e maturidade do que muitos adultos, porém, e afirma que nunca somos pequenos demais, para fazer a diferença.
Neste discurso que aqui podem ouvir, esta jovem ativista fala-nos do sacrifício que o planeta Terra tem de fazer, todos os dias, para que diversos países, incluindo a Suécia, possam viver luxuosamente. Aponta ainda para a hipocrisia do governo, que defende que as crianças são o mais importante, mas que destrói sistematicamente o seu futuro.
Logo em dezembro de 2018, este movimento chegou a mais de 270 cidades do mundo. Em fevereiro de 2019 vários cientistas juntaram-se à causa. Agora em março os protestos voltam em força e, na sequência do que diz o post anterior, amanhã, vão ocorrer manifestações globais, incluindo no nosso país. A "Grande Mudança", de que falam Joanna Macy e Chris Johnstone em “Three Stories of our time”, parece estar finalmente a acontecer.
O futuro começa agora, enquanto ainda há hipótese de agir e de mudar de rumo. As desculpas têm de acabar, porque o tempo não para. Greta é a prova viva de que, apenas com pequenos gestos, podemos e devemos tornar o mundo num sítio melhor. 

Tenham uma boa noite!

Andreia Cruz, nº150355

Greve Climática Estudantil

Boa tarde caros colegas e professora,


No contexto das temáticas ativististas já abordadas na aula, serve esta mensagem para avisar que amanhã decorrerá a Greve Climática Estudantil com marcha a partir do Largo Camões às 10:30h.
Como sabemos, a preocupação com as alterações climáticas do nosso planeta é crescente entre todos. Por isso, é hora de agir. Hora de deixar de ser ativistas de sofá e sair à rua.
Recomendo a todos e todas a participar (nem que seja passar) nesta marcha que procura chamar a atenção da população para as mudanças necessárias para a inversão do destino para o qual caminhamos.
A quem decidir participar, pede-se também que faça os professores das aulas a que vai faltar saber da razão da ausência. Pois isto não é uma desculpa para "baldar" às aulas, mas sim um chamamento de atenção que visa englobar todos.
Para quem quiser também, hoje das 18h às 20h (talvez até mais tarde) o Núcleo do Ambiente da Faculdade de Letras estará na associação de estudantes a preparar cartazes e etc para a manifestação. Sintam-se à vontade para aparecer e fazer um cartaz ou simplesmente informar-se sobre estas questões.


Obrigada pela atenção,
Saudações a tod@s


Liliana S.




https://m.facebook.com/#!/events/253285392231164
 

segunda-feira, 11 de março de 2019

Projeto 'SAUDADE'

Olá colegas!

No dia 2 de março participei num projeto, que acho importanto partilhar com vocês.

Como sabem, o tema da poluição é frequentemente aborbado nas aulas de Cultura Visual. De facto, o ser humano tem vindo a causar um imenso impacto negativo no meio ambiente. No entanto, embora seja sensível a este tema, nunca pensei que mudar os meus comportamentos fosse mudar alguma coisa. Porém, com o passar do tempo, e à medida que fui conhecendo pessoas novas, percebi que as nossas ações importam. Mesmo que pareçam pequenas, a nível global, é através de pequenas iniciativas que começa a mudança.
No dia 14 de janeiro, um amigo meu fez o seguinte post no facebook:
SAUDADE’
Na semana passada, auto-desafiei-me a uma semana sem SOCIAL MEDIA.
Dia 4 - Marina de oeiras
“Durante a minha deambulação de hoje, ali, no meu mundo, enquanto ia refletindo, cantando, sorrindo, pensando e sentido aquele momento de repente, parei.
Parei, no momento em que percebi. Era isto.
Estava rodeado de todo o tipo de Lixo, Cordas, Garrafas, uma quantidade assustadora de Plástico, Latas, Redes… vi aquilo que nunca pensei que fosse possível, tanto desrespeito e tanta falta de Civismo ou Conhecimento. Observei tudo aquilo de forma assustadora e preocupante. Senti que tinha de agir. Não podia ficar de braços cruzados perante aquilo. Precisava de ajuda, não tinha mãos para levar tudo dali sozinho.
Peguei no que consegui e fui.” Era a Hora.
O meu objetivo é limpar a zona, com a ajuda de quem quiser participar nesta iniciativa. Mutuamente conseguir que sejamos um grupo porreiro e com bons princípios envolvidos no projeto. Ainda não tenho uma data definida para o arranque mas o importante agora é formar um grupo motivado e receptivo ao objetivo.
Pessoal interessado em participar na limpeza deste espaço, falem comigo. Estarei ao vosso inteiro dispor.
A oportunidade está nas vossas mãos.
É necessário questionarmos-nos, interessarmos-nos e compreendermos o que nos rodeia. O conhecimento é poder! Tenham-no como uma arma, a vossa maior arma. Carpe Diem! Tomás.





Depois desta publicação todos os interessados contactaram o Tomás, incluindo eu! Atendendo aos cuidados necessários para tudo correr bem, contactámos a Câmara Municipal de Oeiras, para recolher os sacos do lixo que conseguíssemos juntar! A Câmara foi bastante prestável e ainda nos forneceu os sacos e as luvas: pusemos mãos à obra, no dia 2 de março, de 2019. Deixo aqui algumas fotografias do evento.





Ao todo recolhemos aproximadamente 300 Kg de lixo. Encontrámos de tudo um pouco nestas rochas: desde objetos que as pessoas atiraram para a praia, até coisas que deviam estar no mar e vieram dar à costa, incluindo alguidares, ou baldes de tinta, para mencionar alguns exemplos. Devo dizer que esta experiência me chocou bastante, e foi também uma grande aprendizagem.
Apenas num dia, foi impossível apanharmos o lixo na costa toda da Marina e é por essa razão que estou a divulgar este projeto aqui! 'Saudade' irá repetir-se várias vezes ao longo deste ano; por isso, se estiverem interessados em participar podem deixar o vosso email nos comentários.
Posso dizer que somos só um pequeno grupo de jovens que decidiu ocupar um sábado de sol de uma maneira um pouco diferente. A mudança não passa só pelas grandes corporações, começa por cada um de nós, ativistas.

#SetTheOceanFree

                                                                                                                         Joana Mateus nº154277

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Acorda! - Juntos pela Mudança

Boa noite colegas,

O papel que desempenhamos no desenvolvimento ou, como se tem vindo a demonstrar, na deterioração do nosso planeta tem sido um tema recorrente nas nossas aulas. Como temos vindo a descobrir em conjunto, vivemos num mundo dominado pelos interesses do capital, onde as massas são orientadas para a incessante consumação do projeto consumista, contribuindo para esgotar os recursos da Terra.
Com esta preocupação em mente, venho alertar-vos para uma iniciativa que irá decorrer nos dias 25, 26 e 27 de Fevereiro, promovida pela FEC - Fundação Fé e Cooperação. "Acorda! - Juntos pela Mudança" deseja juntar a academia, as organizações da sociedade civil e a Igreja Católica numa reflexão sobre o desenvolvimento sustentável, questão urgente dado o agravamento das alterações climáticas. O programa "Acorda!" tem como objetivo promover o diálogo sobre estas questões, bem como sensibilizar os participantes para a importância das suas escolhas quotidianas e para medidas que reduzam a pegada ecológica das mesmas. Mormente, ressalva-se a importância da construção de uma consciência coletiva em relação à preservação do meio ambiente e a sua expressão na esfera política.

Esta iniciativa incluirá debates, o visionamento do documentário Energia para mudar e o workshop de dois dias, "Jornadas para Acordar". Quem tiver disponibilidade, aproveite, pois será uma boa forma de encontrar/criar estratégias a adotar no dia-a-dia, em prol de um desenvolvimento sustentável.

Deixo-vos, em baixo, a página da FEC, com o programa detalhado, e a página de Facebook do evento.


Até quarta-feira!
Joana Silva nº 148250

domingo, 10 de fevereiro de 2019

O problema da invisibilidade

Boa noite colegas,
Quando este assunto foi abordado em aula deu-me que pensar. Já me tinha dado conta dos constantes condicionamentos com que é moldado o nosso olhar e do modo como essas construções culturais e sociais definem a maneira de nos relacionamos com a Terra que pisamos e com as pessoas que nos rodeiam. Porém, nunca me tinha obrigado, conscientemente, a subverter este olhar, policiando-o de modo a nele poder incluir as coisas normalmente invisíveis, fora do meu campo de visão. 
A propósito do perigo deste condicionamento, cruzei-me com esta TED Talk sobre o modo como nos relacionamos com o mundo e somos condicionados a abdicar de coisas na vida em prol do que a comunidade considera o bem comum. O palestrante, Clint Smith, conclui que a coisa mais importante de que abdicamos neste processo acaba por ser a nossa voz e o nosso poder de mudar o mundo através das palavras.

Acho especialmente interessante e relevante o facto de Smith nomear as quatro premissas essenciais para subverter estas estratégias culturais de obliteração: "Lê criticamente. Escreve conscientemente. Fala claramente. Conta a tua verdade". Salienta-se, assim, a importância de alargamos a nossa leitura do mundo, para superarmos o modo como somos condicionados a acreditar, e a reproduzir, verdades que poderão não ser as nossas. 
Nos tempos que correm, torna-se essencial lermos o mundo e, no âmbito desta disciplina, a cultura visual, de modo critico, analisando o que nos entregam como natural, assim como escrevendo e falando sobre as nossas opiniões. É importante que existam pessoas conscientes neste mundo, e que cada uma tenha a possibilidade de contar a sua verdade, de partilhar a leitura crítica que fez da sua realidade. Acima de tudo, é essencial que possamos abrir o nosso leque de visão através destas leituras redobradas que fazemos do mundo, de modo a que possamos começar a reconhecer quem se encontra à nossa volta e a sua humanidade e dignidade!

Bom descanso!

Leonor Madureira 150360

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Brigadeir@s em ação!


Olá colegas,

Deixo-vos aqui um vídeo muito divertido do final da nossa aventura enquanto brigadeir@s do mar! Tivemos direito a uma boleia de volta numa moto 4.
Na minha opinião, participar desta apanha foi uma experiência deveras gratificante. Embora a quantidade de lixo que apanhámos num curto espaço de tempo tenha sido assustadora, não deixei de ficar com um sentimento de leveza. Se todos contribuirmos um pouco do nosso tempo para causas como esta, o mundo irá com certeza tornar-se num sítio melhor...

Remember... "What we do in life, echoes in eternity."

Fiquem bem!


Ana Mestre
Nº 52399

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Brigada do Mar, 17/12/2017 Praia dos Moinhos.

Ontem, foi o dia de limpeza da Praia dos Moinhos, em Alcochete, pela Brigada do Mar. Eu e alguns colegas participámos nesta atividade com a professora, por isso, deixo-vos aqui o meu relato e algumas fotografias da recolha tiradas por mim e por outros participantes.
Perdi a conta aos sacos de lixo que enchi, limpava uma zona e pensava que pior que esta não devia haver, no entanto, andava dez passos e deparava-me com outra enchente de lixo. Quanto mais andávamos, mais lixo encontrávamos e em pior estado a praia estava. Garrafas de plástico aos montes e de vidro também. Com a quantidade de lixo “grande” que apanhávamos, nem havia muito tempo para as típicas beatas no chão, papéis e plásticos pequeninos de rebuçados ou daquelas pastilhas da bubbaloo! Encontrámos o pára choques de um carro, uma cadeira de bebé, bidões de gasolina e afins. E sapatos? O que não faltava ali eram sapatos… Um senhor até disse que tínhamos mais sapatos que uma sapataria.
Para além dos sapatos, também encontrámos luvas, uma das estrelas da recolha. Eram luvas atrás de luvas! Aliás, a primeira coisa que apanhei quando cheguei à praia, sem ser a carica e a beata, foi uma luva escondida no meio das algas. E com as luvas vinham também as embalagens das mesmas, folhas de plástico enterradas na areia como se pertencessem àquele habitat. Isto leva-me para as esponjas, os panos e as roupas abandonados na praia (sabe-se lá porquê) que a natureza tinha acolhido como sendo seus, criando vida à volta deles.
Porém, nada disto pertence ali, nada disto deveria coexistir no mesmo ambiente e, a prova disso foram as mais de dez gaivotas que vi mortas no areal! Não as autopsiei, mas creio que, pela quantidade de lixo que vi por ali, algumas delas devem ter ingerido plásticos pensando tratar-se de alimento, como acontece muitas vezes. E para acompanhar as gaivotas, tínhamos uma fila de alforrecas sem vida de uma ponta à outra do areal. Fui pesquisar sobre o assunto e o que encontrei é que as alforrecas dão à costa, mais no verão, e gostam de água com temperaturas quentes. Ora, estando em Dezembro, fiquei um pouco confusa... Não vou culpar o lixo excessivo, por este fenómeno existente na praia, mas talvez o culpe no aquecimento global.
O estado da água, que mais parecia uma festa de espuma, também não me pareceu muito normal. Calculo que seja da poluição, dos motores dos barcos ou algo do género, mas como não tenho conhecimentos sobre o assunto não vou opinar; deixo-vos apenas as fotografias.


































Admito que sou aquele tipo de pessoa que pensava que Portugal nunca iria chegar ao estado de alguns rios e praias da Ásia, que nunca iria perder a sua beleza nem ser contaminado daquela maneira. No entanto, ontem, ao ver aquela quantidade de lixo, escondida pela areia e pelas rochas, ao ver uma praia tão pequenina com tanto lixo, confesso que fiquei assustada! Como é que chegámos a isto? E se Portugal está assim, então como é que estarão outros países muito mais afetados pela poluição?
Depois de, mais ou menos, seis horas a limpar e a carregar lixo, ao ver aquela pilha de sacos, que a brigada do mar conseguiu recolher e retirar da praia, tive um sentimento de orgulho e de que o meu dia tinha sido passado a devolver algo ao planeta em vez de retirar. Senti-me bem, senti que o meu tempo tinha sido bem usado. Mas, ao mesmo tempo, senti que apesar daquilo tudo ainda havia muito mais por limpar, tanto na praia dos moinhos como nas outras. Pensei na senhora, já de idade, que vai todos os dias àquela praia apanhar lixo, que outros decidiram deixar ali, pensei no impacto positivo que aquela senhora cheira de garra e alma tem ao fazer aquilo todos os dias, mas, por outro lado, compreendi que isso não ia salvar o planeta nem a praia dos moinhos. Porque só podemos reverter as nossas ações, enquanto sociedade, se todos fizermos algo por isso e trabalharmos em conjunto. Começa em nós e passa para os outros, só assim conseguiremos produzir um impacto maior e contrariar esta doença que impusemos no planeta, a poluição!




























Gostava de acabar o meu post com um pensamento positivo. Apesar de não ter sido possível a todos comparecerem ontem, ou de não haver brigadas do mar para todas as praias, existem pequenas coisas que podemos sempre fazer e que já são uma ajuda. Nomeadamente, cada vez que formos à praia, tirarmos cinco minutos do nosso tempo e fazer uma pequena limpeza à nossa volta, recolhendo o lixo que encontrarmos. Não custa nada e será uma ajuda preciosa que somos perfeitamente capazes de dar.


Ana Alexandra Jacques
nº 50167