segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Tormento português

Boa noite a todos, 
Não sei se é pertinente o que vou fazer a seguir, mas são 2:30 da manhã e aquilo que escrevo é um impulso humano. Tendo a ver com o Planeta Terra, e o modo como o tratamos, é um tema um pouco mais afastado das aulas em si. 
Até esta hora havia mais de 100 fogos ativos em Portugal. É com um enorme pesar que digo:  "Todos os anos vivemos o mesmo sufoco", mesmo quando não nos toca a nós directamente. Neste momento está  presente em mim a ideia de que quando voltar a casa ela não será a mesma. Estará em cinzas, destruída e sombria. 
Para além disso, e até bem mais importante, sei que há Amigos/Famílias (meus também) juntos em vários sítios (cercados), a tentar afastar a visão que o fogo que os cercou criou. Estas pessoas vão estar a noite toda a combater os incêndios que lhes seguram a vida por um fio, e eu estou em casa, deitada, a tentar segurar o que me apetece fazer numa caixa bem fechada. 
E a culpa é só uma: quem por entre nós se esconde com um fundo profundamente desumano.              
Não queria deixar passar esta oportunidade de partilhar isto convosco, visto que nunca seria capaz de amanhã acordar, arranjar-me e ter um dia normal, quando me deito numa realidade e acordo numa bem mais cruel.
Boa Semana a Todos,
Catarina Félix
 

3 comentários:

  1. Olá Catarina.
    Eu compreendo a tua tristeza. Também eu me sinto emotiva e preocupada. Eu que amo este planeta na sua forma mais pura, sinto uma ferida aberta no coração. Longe de Lisboa, longe da cidade, na minha verdadeira casa, costumava ter um pedaço de floresta para abraçar. Hoje sei que está tudo coberto de cinzas... Cinzas de árvores, cinzas de animais, pois não são só os humanos que sofrem com este inferno.
    Talvez, depois deste sufoco, que espero que acabe o mais depressa possível, possamos reunir para dar vida à Terra, para plantar a última esperança. Como demonstração de que estamos todos preocupados, gostaria que pensassem em plantar uma árvore. Deixo aqui esta sugestão, que não vai com certeza resolver este terrível problema, mas que é um começo que vale mais do que não fazer nada.

    Diana Nogueira

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  2. Olá Catarina, gostei muito da tua publicação. É incrível ver que os incêndios movem milhões de euros, um negócio poderosíssimo que afeta milhares de pessoas e mete o planeta terra em risco constante. Têm mesmo de ser tomadas medidas no que toca à reforma da floresta e preservá-la da melhor forma possível. AGORA.

    Fabien Silvano

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  3. Viva, Catarina, só agora vejo a sua partilha aflita e já nem sequer consigo aceder ao post de Facebook que sugere (além de que o blogger entrou em loop e as suas fotografias ficaram invisíveis, pelo que escolhi outras semelhantes). Lamento saber que a sua comunidade, tal como a da Diana, foi diretamente afetada pelos incêndios este ano. Sabemos que, além da loucura pirómana que move os incendiários, há uma série de questões de planeamento territorial que devem ser repensadas, nomeadamente as florestas de monocultura (com um tipo de espécie predominante), o tipo de árvores plantadas (e o impacto que estas têm nos lençóis freáticos que, por todo o mundo, se encontram em recessão), o empenho local e governamental em cuidar dos espaços naturais (guardas florestais, estradas de acesso, etc.). Isto para além da questão do aquecimento global, que se torna cada vez mais evidente com o passar dos tempos — espero que, no final do semestre, consiga ter transmitido a noção de que nos cabe a todos, nomeadamente através de escolhas quotidianas de consumo, contribuir para a mudança de paradigma que está em curso.

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