Como tem sido tema recorrente das nossas aulas falar sobre o
papel das mulheres e do modelo feminino na publicidade, achei interessante
partilhar estas publicidades que analisei o semestre passado na
cadeira de Teoria da Comunicação.
Estes dois anúncios pertencem à Boticário, marca brasileira.
Esta marca é conhecida por vender cosméticos e perfumes, logo o seu
público-alvo é maioritariamente feminino. Todos os anúncios têm como objetivo atrair consumidores. Portanto, como pode uma marca feminina chamar a atenção do seu público? Porque não quebrar a ideologia machista vigente atribuindo poder ao género
feminino? É exatamente isso que a marca irá (supostamente) fazer nestes dois exemplos que aqui vos trago.
A história sempre se repete. Todo o chapeuzinho que se preze, Era uma vez uma garota branca como a neve, que causava muita inveja
um belo dia, coloca o lobo mau na coleira. não por ter conhecido sete anões. Mas vários morenos de 1,80m.
A mensagem transmitida é a de que, usando os produtos do Boticário, os homens ficarão aos seus pés. Estas publicidades fazem uso de histórias infantis, nomeadamente do Capuchinho Vermelho e da Branca de Neve (existem outras publicidades com a Cinderela e uma Princesa guardada por um dragão, que podem ver aqui). Porquê? Porque as mulheres querem ser vistas como princesas e desejam
encontrar o seu príncipe encantado para que possam ter o seu final feliz.
À primeira vista, esta campanha parece conferir poder às
mulheres, visto que conhecerão "vários morenos" a quem "irão pôr uma coleira"; contudo, se a analisarmos mais profundamente, encontramos ainda sinais da
sociedade machista presentes. Representam a mulher como sonhadora e crédula de que o seu final
feliz depende de encontrar o príncipe encantado ou não, e ainda como objeto de inveja. Concluindo, segundo esta lógica, para se realizar a mulher depende de um homem e da inveja que provoca nas outras mulheres, sem falar no facto de que é imprescindível consumir produtos Boticário. Ou seja, nada consegue sozinha.
Publicidades como estas suscitam, pois, questões de (des)igualdade de género. Pergunto-me: será possível que alguma vez nos possamos libertar deste preconceito?
Cheila Vieira nº 148191
Grata pela partilha desta interessante campanha e pela análise que subverte os seus pressupostos (falsamente) libertadores e igualitários.
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