Tal como em tudo, a publicidade pode ser útil para N coisas, não apenas para vender ou promover algo.
Neste vídeo da Hornbach, uma empresa de bricolage e afins alemã, a marca usa uma mensagem poderosa para se promover. Apesar de esta mensagem ser importante, pelos comentários que pude ler no Youtube e noutros sites em que o vídeo foi carregado, várias pessoas parecem ter ignorado a mensagem por detrás do anúncio e focaram-se apenas na comercialização da marca.
Naturalmente, cada um irá ver uma mensagem diferente neste anúncio, mas, para mim, o que sobressai é a mensagem — "Não mudes a tua cor para combinares com as paredes. Muda as paredes para que combinem contigo". Na minha interpretação, as paredes representam as pessoas com quem nos damos.
O que vêm? Acham que esta campanha publicitária, pode, de facto, transmitir valores?
P.S: Existe uma pequena mensagem em alemão cujo significado desconheço, portanto a minha interpretação foi feita sem saber o que lá está escrito. Um dos comentários traduz a frase como "Say it with a project".
~Fábio Gomes
Bons dias, Fábio, grata pela sua colaboração!
ResponderEliminarParece-me que a campanha explora um sentimento muito comum entre os jovens adolescentes de não pertença à sociedade e joga com a cumplicidade entre pai e filha para sublinhar a validade de assumirmos as nossas escolhas estéticas (o modo como a jovem se apresenta socialmente e os valores que esta escolha implica — evocação do universo gótico, etc.).
Como temos vindo a ver nas aulas, a publicidade explora uma série de sentimentos para vender os seus produtos, recorrendo a narrativas para melhor fazer passar a sua mensagem. Esta é uma estratégia recorrente que tem vindo a ser usada em diversas campanhas que capitalizam estas estratégias (veja-se, por exemplo, a campanha da Dove relativa à auto-estima das mulheres, aqui no blogue, http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/04/dove-e-auto-estima.html, ou a campanha da Diadermine, uma marca de produtos de cosmética, http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/05/love-letter-to-mom-by-diadermine.html). A questão fundamental aqui é perceber se a apropriação deste tipo de sentimentos é válida para intuitos comerciais, visto que os "criativos" por detrás destas campanhas têm como objetivo último promover a imagem da marca e... vender mais.
Acrescento ainda um outro exemplo de publicidade a uma companhia de seguros (http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/04/ola-pessoal-essa-e-uma-campanha-de-uma.html). Vejam também os comentários a estes posts, que levantam diversas questões relativas ao funcionamento destas campanhas!
ResponderEliminarBoa tarde, após visualizar os vídeos, gostaria de perguntar se haverá alguma forma de se criar um texto publicitário focado apenas na mensagem social, e não tanto na venda. Talvez não o seja pois provavelmente não teríamos um texto publicitário, mas sim um texto de sensibilização?
ResponderEliminarCompanhias, políticos, qualquer grupo faz constantemente uso das emoções humanas para levar a água ao seu moínho. Se isto faz das nossas emoções uma fraqueza ou uma qualidade infelizmente explorada, será outra questão, mas visto que este nosso lado é constantemente usado e abusado por aqueles que nos querem convencer, (dito assim, quase que soa a uma teoria da conspiração...), será então melhor ver estes anúncios sempre com uma pitada de sal?
Talvez seja possível, ou até mesmo saudável, separar a mensagem do produto e dar o valor completo à mensagem, enquanto se olha para o produto com o olhar crítico que se impõe sempre?
Digo isto após ter visualizado os vídeos, naturalmente, em que transmitem uma mensagem forte e importante, especialmente o da seguradora, ainda que com fins lucrativos sempre persentes.
ResponderEliminar~Fábio Gomes
Boas grande Fábio, concordo plenamente quando dizes "será então melhor ver estes anúncios sempre com uma pitada de sal".
EliminarO fim da publicidade é sempre vender o produto, a todo o custo. Logo pode apelar aos nossos sentimentos e isso chama-se manipulação.
Quando vemos um anúncio publicitário que diz, por exemplo, "vai ter as melhores férias da sua vida... paraíso tropical sem comparação possível... uma experiência inesquecível..." é óbvio que não vamos logo pensar: "omg isto vai mudar a minha vida vou já!!!". Isto porque sabemos que o intuito deles é vender por isso levamos sempre o paleio com uma pitada de sal. Já se fosse um amigo/familiar/livro que nos falasse deste tal destino paradisíaco e tudo o que era bom nele já ficavamos: omg tenho de ir!!!
Assinem as mensagens, por favor!
ResponderEliminarA questão aqui é a moralidade que têm as grandes corporações de se apropriarem de discursos sociais que as suas políticas, de facto, contrariam, tendo em conta o atual contexto geopolítico e económico. É legítimo usar discursos sobre o bem comum e as ações socialmente aceitáveis deslocando a ênfase do contexto político para o indivíduo, cujos processos psicológicos e as emoções são manipulados? É legítimo evocar o bem para suportar uma configuração discursiva que tem como propósito incontestável a maximização do lucro?