sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O potencial positivo da publicidade?

Tal como em tudo, a publicidade pode ser útil para N coisas, não apenas para vender ou promover algo.

Neste vídeo da Hornbach, uma empresa de bricolage e afins alemã, a marca usa uma mensagem poderosa para se promover. Apesar de esta mensagem ser importante, pelos comentários que pude ler no Youtube e noutros sites em que o vídeo foi carregado, várias pessoas parecem ter ignorado a mensagem por detrás do anúncio e focaram-se apenas na comercialização da marca.

Naturalmente, cada um irá ver uma mensagem diferente neste anúncio, mas, para mim, o que sobressai é a mensagem — "Não mudes a tua cor para combinares com as paredes. Muda as paredes para que combinem contigo". Na minha interpretação, as paredes representam as pessoas com quem nos damos.

O que vêm? Acham que esta campanha publicitária, pode, de facto, transmitir valores?

P.S: Existe uma pequena mensagem em alemão cujo significado desconheço, portanto a minha interpretação foi feita sem saber o que lá está escrito. Um dos comentários traduz a frase como "Say it with a project".



~Fábio Gomes

6 comentários:

  1. Bons dias, Fábio, grata pela sua colaboração!
    Parece-me que a campanha explora um sentimento muito comum entre os jovens adolescentes de não pertença à sociedade e joga com a cumplicidade entre pai e filha para sublinhar a validade de assumirmos as nossas escolhas estéticas (o modo como a jovem se apresenta socialmente e os valores que esta escolha implica — evocação do universo gótico, etc.).
    Como temos vindo a ver nas aulas, a publicidade explora uma série de sentimentos para vender os seus produtos, recorrendo a narrativas para melhor fazer passar a sua mensagem. Esta é uma estratégia recorrente que tem vindo a ser usada em diversas campanhas que capitalizam estas estratégias (veja-se, por exemplo, a campanha da Dove relativa à auto-estima das mulheres, aqui no blogue, http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/04/dove-e-auto-estima.html, ou a campanha da Diadermine, uma marca de produtos de cosmética, http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/05/love-letter-to-mom-by-diadermine.html). A questão fundamental aqui é perceber se a apropriação deste tipo de sentimentos é válida para intuitos comerciais, visto que os "criativos" por detrás destas campanhas têm como objetivo último promover a imagem da marca e... vender mais.

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  2. Acrescento ainda um outro exemplo de publicidade a uma companhia de seguros (http://culturvisflul.blogspot.pt/2014/04/ola-pessoal-essa-e-uma-campanha-de-uma.html). Vejam também os comentários a estes posts, que levantam diversas questões relativas ao funcionamento destas campanhas!

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  3. Boa tarde, após visualizar os vídeos, gostaria de perguntar se haverá alguma forma de se criar um texto publicitário focado apenas na mensagem social, e não tanto na venda. Talvez não o seja pois provavelmente não teríamos um texto publicitário, mas sim um texto de sensibilização?

    Companhias, políticos, qualquer grupo faz constantemente uso das emoções humanas para levar a água ao seu moínho. Se isto faz das nossas emoções uma fraqueza ou uma qualidade infelizmente explorada, será outra questão, mas visto que este nosso lado é constantemente usado e abusado por aqueles que nos querem convencer, (dito assim, quase que soa a uma teoria da conspiração...), será então melhor ver estes anúncios sempre com uma pitada de sal?

    Talvez seja possível, ou até mesmo saudável, separar a mensagem do produto e dar o valor completo à mensagem, enquanto se olha para o produto com o olhar crítico que se impõe sempre?

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  4. Digo isto após ter visualizado os vídeos, naturalmente, em que transmitem uma mensagem forte e importante, especialmente o da seguradora, ainda que com fins lucrativos sempre persentes.

    ~Fábio Gomes

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    1. Boas grande Fábio, concordo plenamente quando dizes "será então melhor ver estes anúncios sempre com uma pitada de sal".
      O fim da publicidade é sempre vender o produto, a todo o custo. Logo pode apelar aos nossos sentimentos e isso chama-se manipulação.
      Quando vemos um anúncio publicitário que diz, por exemplo, "vai ter as melhores férias da sua vida... paraíso tropical sem comparação possível... uma experiência inesquecível..." é óbvio que não vamos logo pensar: "omg isto vai mudar a minha vida vou já!!!". Isto porque sabemos que o intuito deles é vender por isso levamos sempre o paleio com uma pitada de sal. Já se fosse um amigo/familiar/livro que nos falasse deste tal destino paradisíaco e tudo o que era bom nele já ficavamos: omg tenho de ir!!!

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  5. Assinem as mensagens, por favor!

    A questão aqui é a moralidade que têm as grandes corporações de se apropriarem de discursos sociais que as suas políticas, de facto, contrariam, tendo em conta o atual contexto geopolítico e económico. É legítimo usar discursos sobre o bem comum e as ações socialmente aceitáveis deslocando a ênfase do contexto político para o indivíduo, cujos processos psicológicos e as emoções são manipulados? É legítimo evocar o bem para suportar uma configuração discursiva que tem como propósito incontestável a maximização do lucro?

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