Seguindo a deixa da colega Mariana, venho apresentar-vos a Amber Liu num âmbito mais positivo do mundo do kpop.
A Amber é uma kpop star membro do grupo f(x) que veio subverter ideias de expressão de género num país e numa indústria onde a feminilidade e a masculinidade só se cruzam para a fetichização de aparências e tentativas de humor controversas. A imagem dela, ao contrário do que se possa pensar, não foi um produto de marketing; o estilo tomboy é parte intrínseca dela e recusou-se a abdicar do que a fazia sentir-se confortável, apesar das inúmeras tentativas por parte de estilistas e da própria empresa SM para mudar o seu estilo.
Claro que isto a torna alvo de comentários maldosos, onde há um constante questionamento da sua identidade de género e da sua sexualidade, mas a Amber não tem medo de se pronunciar sobre o assunto nas redes sociais onde constantemente apela à gratidão, ao amor-próprio e à liberdade de expressão como armas para vencer a opressão. Sobre os rumores de namorar com algumas colegas de trabalho, tema que na Coreia do Sul consegue arruinar carreiras, Amber diz em entrevista para a Arirang Radio em 2015: "The funny thing is, I'm dating more girls than guys, which is [funny], cause you know, I'm close with you, [BTOB's] Peniel, [C-CLOWN's] Rome. But when I'm with guys, nothing is like I'm dating Aron or Peniel, it's like I'm dating Krystal or Minah, and it's cute".
Sobre o conceito de beleza, ela tem uma perspetiva própria sobre a qual fez uma música e falou numa entrevista à Mochi Magazine, em 2015: "Beauty is about accepting yourself for who you are. I believe we were all made a certain way for a reason and living life is just about figuring out what to do with it. Society now places a huge weight on looking 'perfect' and I’ve seen people tear themselves apart striving for it, including myself. But when you figure out that none of it matters, life becomes a billion times better". Ainda sobre esta temática, Amber também fala dos obstáculos que ultrapassou quanto à anorexia e o suicídio, num videoclip que produziu sozinha — Borders.
Gostaria de ouvir as vossas opiniões sobre a heteronormatividade na Coreia do Sul e na indústria do kpop, principalmente agora que parece haver cada vez mais idols a seguir as pesadas da Amber e a serem mais abertos quanto às suas crenças pessoais, apesar do constante policiamento dos fãs e dos media.
Tânia Viegas