quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A reprodutibilidade técnica e aquilo que vemos ou queremos ver

   Olá colegas!
Na aula de dia 13 de fevereiro, referimo-nos à obra Mona Lisa ou A Gioconda (1503), de Leonardo da Vinci, uma das pinturas mais conhecidas a nível mundial, acessível através de vários suportes e portais tecnológicos. Esta imagem encontra-se reproduzida em peças de vestuário ou em brindes, aparece na publicidades em filmes e em séries... Atualmente, não é necessário descolar-nos museu do Louvre, em Paris, para a podermos ver, estando disponível à distância de um clique. 
A reprodutibilidade fora já mencionada pelo crítico alemão Walter Benjamin, nos ensaio "The work of art in the age of mechanical reproduction" (1936), onde este afirma que as tecnologias modernas tornam possível reproduzir infinitamente uma imagem e espalhá-la por um grande número de pessoas (o que não era possível anteriormente, visto a imprensa ser tão rudimentar). Assim, o olhar do indivíduo não seria o mesmo, já que deixaria de contemplar uma obra original, e seria confrontado com a sua cópia, o que implicaria a perda da aura (aquilo que traz unicidade).

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No Louvre, esta obra encontra-se atrás de um vidro à prova de bala, rodeada por seguranças que a protegem. A Mona Lisa é uma das principais atrações do museu e todos os visitantes  querem tirar uma fotografia junto à obra, provando que, efetivamente, lá estiveram. Ao entrar na sala onde a pintura se encontra exposta vê-se uma multidão de pessoas que a rodeiam, turistas de toda a parte do mundo. O que acontece é que o resto da sala "desaparece" e perdemos curiosidade de olhar ao redor e ver as outras belas obras ali se encontram. Depois de ver a Mona Lisa, foi chocante para mim olhar para trás e vislumbrar uma pintura que ocupa toda uma parede.


Intitulada O Casamento em Caná (1562-1563), esta obra é da autoria de Paolo Veroneseé a maior pintura na coleção do museu, com 6,77m por 9,94m. Embora não seja dtão famosa como a Mona Lisa, mas é tão ou mais impressionante do que ela, vindo realmente a causar surpresa àqueles que a vêm de perto. É certo que o pintor não era tão multifacetado (por aquilo que sei sobre ele) como Da Vinci, porém merece igual reconhecimento. Hoje em dia é norma "consumirmos" mais do mesmo, sem procurarmos a diferença, pelo que é interessante descobrir mais sobre outros pintores, como Veronese, e aventurarmo-nos na sua vida e obras. As fotografias que escolhi mostrar, só elas, já moldam os nossos modos de ver e dão-nos uma perceção da obra que é, contudo, totalmente diferente de observar o original (tal diria Benjamin). Espero que apreciem a minha partilha e tenham uma boa semana.
Dinis Oliveira nº 153155

2 comentários:

  1. Muito obrigada pela publicação colega! Concordo plenamente com a tese de Walter Benjamin que refere que com a facilidade de reprodução das obras de arte há uma perda da aura e de "autenticidade".
    Contudo, penso também que essa facilidade de reprodução que se sentiu nos tempos modernos foi uma mais-valia para o cidadão comum porque permitiu que a arte, de alguma forma, deixasse de estar restrita às elites.
    Não esquecer que a defesa da democratização da arte através, também da reprodução, teve raízes históricas em períodos muito específicos da civilização ocidental como foi, por exemplo, a revolução Russa. Lenine, em 1905, publica um texto no jornal "Novaya Zhizn" que defende a arte como causa comum do proletariado. Nesse texto advoga-se uma arte livre ligada ao proletariado que sirva as dezenas de milhares de trabalhadores. É neste conceito, também, que surge "necessidade" de produção de obras de arte por processos indústrias para fazer a arte chegar a mais pessoas.
    Obrigada pela publicação, espero que a informação que referi tenha enriquecido o post e boa semana.
    Beatriz Silva

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  2. Grata pela reflexão, Dinis e Beatriz. Seria impossível prever a acessibilidade cultural criada pela vulgarização da internet, que permite, de facto, um acesso muito mais democrático à cultura, com a desvantagem de banalizar algumas imagens e nos tornar viciados na cultura do espetáculo (tirando selfies à frente da 'Mona Lisa').

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