quinta-feira, 20 de março de 2014

Ocasiões especiais

Boa noite colegas

Já passa da meia-noite portanto venho falar do dia de ontem que foi o dia do Pai. Poderá ser interessante notar que estes dias especiais como o dia do pai, da mãe, da criança, dos namorados também estão relacionados com o consumismo. Normalmente, nestes dias, as montras das lojas enchem-se de produtos temáticos relacionados com estas datas. Promoções e publicidades alusivas surgem durante dias até chegar a altura. Aposto que metade dos adolescentes de 12, 13, 14 anos chegam a casa, num dia especial como o dia do pai, e levam a prendinha da primeira montra que viram a dizer "És o melhor pai do mundo!". Entregam-na, se for preciso nem um abraço ou beijo dão, e no minuto a seguir fecham-se no quarto agarrados ao computador. Mas afinal para onde caminham as nossas relações familiares? Será a internet mais importante? Manter uma relação à base do materialismo será suficiente? 

Postado por: Beatriz Barata

6 comentários:

  1. Realmente tens razão, Beatriz. E não é só montras; se formos a reparar, nos supermercados há produtos especialmente selecionados para esse dia; nos catálogos de cosmética (Avon, Ive Rocher, Oriflame) há páginas alusivas à temática em causa, etc. Ao fim e ao cabo, isto tudo não passa de um jogo.
    Mas a verdade é que muitos membros da nossa sociedade pensam que celebrar o Dia do Pai é apenas oferecer-lhe uma caneca banhada a prata, ou comprar-lhe um porta-chaves com o logotipo da marca do carro do pai, etc. Se formos a ver, então acho que as crianças da pré-escola conseguem ser mais criativas e sinceras no ato de oferecer algo ao pai, fazendo cartõezinhos pintados por elas próprias. Basicamente, elas ainda vivem numa ilusão natural, não numa ilusão igual à que muitas pessoas hoje em dia vivem: uma ilusão criada pela própria sociedade consumista em que vivemos.

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  2. Concordo... Acontece que hoje em dia vivemos numa sociedade em que a família já não entra no círculo de valores de topo dos adolescentes (falando no geral).
    Hoje em dia é mais comum vermos pessoas com os seus 15/16 já em "más vidas", do que há uns anos atrás.. Pode ou não ser culpa dos pais, mas tendo em conta que muitos trabalham para nos sustentar, é lamentável este tipo de situações como a colega referiu..
    Montras para o dia do pai, da mãe, e do dia dos namorados nem sequer se fala...

    Liliana Marta

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  3. Sim, a cultura de consumo cria uma série de eventos cuja "correta celebração" passa pelo consumo e pela troca de presentes — os elos sociais e afetivos parecem imperativamente ligados ao investimento material (como comenta a Roberta Sassatelli, em Consumer Culture: History, Theory and Politics, se bem se lembram). Quando vivi nos EUA, de 1990 para 1991, apercebi-me disso de uma forma muito nítida, pois ainda não tinham sido "importadas" para a Europa uma série de eventos como o Halloween ou mesmo o Dia dos Namorados.

    Quanto às relações familiares, é difícil os pais cuidarem dos filhos quando não têm tempo para cuidar de si próprios, no ciclo de trabalho cada vez mais exigente e mal pago em que estão embrenhados. Acabamos por criar famílias em que o afeto tende, de facto, a ser substituído por relações materialistas e de "fachada". No entanto, convém evitar cair na tentação do saudosismo nostálgico, do antes é que era...

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  4. Já faz um tempo que me pego pensando sobre essa necessidade de trocar presentes em datas especiais, lógico que essa troca não é novidade e nem foi capitalismo que inventou, as datas referenciadas por vocês sem dúvidas foram geradas pela nossa sociedade de consumo. Mas a troca de presente e afetos sempre foram feitas em datas importantes nas mais diversas culturas. Porém já faz uns três anos que tento subverter essas "datas especiais", e presenteio entes queridos nos momentos mais "ilógicos" possíveis, pois no fundo todo mundo adora um presente. Pq não dar uma caneca de "você é o melhor pai do mundo" em uma data outra qualquer? Pq não dar um presente ao seu namorado/amigo só pq você passou por uma loja e viu alguma coisa que é a "cara dele", ou só pode ser no dia do aniversário? No dia dos namorados? Quando você se sente obrigado/pressionado a dar o presente perfeito e dificilmente vai encontrar alguma coisa que a pessoa realmente irá se identificar. Isso vale também em relação as demonstrações de afeto, pq devemos esperar o natal para ter o dito momento em comunhão de família, pq não trazer essas práticas para o dia-a-dia? Enfim, coisas que rodam sempre a minha cabeça e queria compartilhar com vocês.

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