sexta-feira, 1 de março de 2019

Quem governa o mundo?

Impõe-se a questão... Afinal, quem comanda tudo isto? Pensamos que seriam os governos das várias nações, mas parece que tal não acontece. As corporações passaram a liderar e a a exercer poder, a ponto de influenciarem os governos de vários países.

Estas grandes corporações dividem-se num enorme número de representantes e de sucursais, com um monopólio bastante vasto, dotado de muitos bens e de fundos monetários. Por exemplo, empresas como a Nike encontram-se espalhadas pelo mundo, tendo assim várias fábricas, sobretudo, no continente asiático, em países como a China. Aí as condições de trabalho maximizam o lucro, sendo que mulheres e crianças trabalham muitas vezes com jornadas de mais de 8h para ganharem menos do que 1$ por dia. Estes locais são conhecidos como sweatshops (literalmente, “fábrica de suor”), destacando-se pelos piores motivos, pois os trabalhadores estão expostos a vários perigos e não lhes é dada nenhuma dignidade enquanto seres humanos. Assim, mais peças de roupa são enviadas para o ocidente para serem vendidas num centro comercial, sendo que vão passar de moda pouco tempo, levando as pessoas a continuar o ciclo do consumo.
Trabalhadoras vietnamitas numa fábrica da Nike (2005)
Esta deslocação de fábricas para outros continentes deve-se ao facto de aí a mão de obra ser mais barata (não sendo necessários seguros de trabalho ou a garantia de salários fixos), tal como os terrenos onde as fábricas são construídas. Para mais, as "zonas de comércio livre" oferecem também vários benefícios fiscais às empresas, que ficam isentas de impostos durante um certo tempo, findo o qual, normalmente, as companhias optam por mudar de sítio.
Para mais, estas empresas julgam-se acima da lei e muitas vezes fogem ilegalmente ao fisco, para gerarem ainda mais lucro. A sua influência política tende a aumentar a desregulação legislativa, prejudicando os trabalhadores e contribuindo para acentuar a diferença entre os mais ricos e os mais pobres (tal como tem vindo a suceder em Portugal desde o período da Troika).

Na aula de dia 27, foi mencionado o movimento Occupy Wall Street, sobre o qual decidi pesquisar mais. Basicamente, trata-se de uma ação de protesto começada a 17 de setembro de 2011 em protesto contra a desigualdade económica e social e a corrupção existentes nos Estados Unidos. Inicialmente, o movimento tomou conta de Wall Street, uma das sedes do sistema financeiro mundial, e depois espalhou-se um pouco por todo o mundo, denunciando a impunidade das grandes corporações que agravam a crise global e criam mais precariedade e instabilidade.
   Como também já foi referido em aula, este movimento baseia-se na ideia dos 99% contra o 1% da população que detém a maior parte da riqueza, mostrando como o atual sistema é injusto. Quando me vi confrontado com este movimento e com outros modos de insurreição, tentei procurar elos entre o que eu já conhecia e esta nova informação e creio que os gráficos que apresento em seguida resumem bem estas questões.

O Coeficiente de Gini, uma medida de desigualdade, de acordo com dados do Banco Mundial (2014)
Certamente que muitos de vocês já ouviram falar ou até já viram a série televisiva Mr. Robot, que lida com uma série de temas contemporâneos. Na 1ª temporada, a personagem principal, Elliot (interpretado por Rami Malek), é recrutado por um grupo ativista de hackers que se intitula como fsociety (um nome bastante sugestivo, a meu ver). O seu objetivo é planear um ataque contra a ECorp, uma multinacional com bastante influência sobretudo nos E.U.A. Este plano de realizar um dos maiores ataques cibernéticos de toda a história, visa redistribuir a riqueza existente no mundo.


Com este ataque, intitulado 5/9 (numa suposta relação com o 9/11, um acontecimento que mudou os E.U.A. e o mundo), os mercados são desestabilizados e a economia americana colapsa. Daqui advêm uma série de consequências, tais como: a redução do dinheiro em circulação; a negação do uso de cartões de crédito; a bancarrota da ECorp, que vai depois recorrer a um empréstimo à China; múltiplos protestos um pouco por todo o mundo.

Daqui também se pode destacar outro tema, a segurança. Toda a série mostra como é fácil aceder a uma série de informações sobre alguém, passando a conhecer múltiplos detalhes da sua vida. Por vezes, muito deste conteúdo é partilhado pelas próprias pessoas, obrigando o espetador a pensar naquilo que mostra ao mundo. Uma outra questão é a desconfiança relativamente ao governo, que, apesar de procurar soluções, acabará por abafar certas questões e evitar lidar com elas. O último tema que gostava de mencionar diz respeito às doenças mentais. Eliott sofre de paranoia esquizofrénica, um estado agravado quando toma substâncias psicoativas, que mudam bastante o seu comportamento. Para mais, sofre também de ansiedade social, sentindo-se constantemente observado pelas pessoas à sua volta. Contudo, a série mostra o que ele pensa sobre tudo isto (e até existem cenas em que ele fala com a sua psiquiatra, o que aprofunda a nossa reflexão) e demonstra que as doenças mentais (uma realidade muitas vezes são ignorada) são algo preocupante, digna da nossa compaixão.

Para rematar, cada vez mais nos apercebemos como o mundo trabalha através de complexos sistemas que vêm prejudicar pessoas mais do que ajudar. Porém, todos nós temos algo a dizer e podemos contribuir para uma mudança, por muito pequena que seja. Deixo-vos o trailer da temporada de Mr. Robot para provocar o vosso interesse no tema da injustiça social.


   Espero que apreciem a minha partilha. Boas férias de Carnaval!

Dinis Oliveira nº 153155

1 comentário:

  1. Interessante esta versão pós-moderna do Robin dos Bosques, afetado, porém, por distúrbios de personalidade, num mundo controlado por forças invisíveis... Devia ver menos televisão, Dinis! ;)

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