terça-feira, 19 de março de 2019

"De pequenino se torce o pepino"

Boa noite, colegas
   A forma como a publicidade nos influencia tem sido um tema tratado ao longo de todo o semestre. Todavia, já repararam que desde pequenos somos levados a consumir de forma desenfreada, sem se quer nos apercebermos disso?
   Trago aqui, como exemplo, algumas séries (infelizmente não consegui encontrar os vídeos na língua original, apenas a versão dobrada em português do Brasil) que fizeram parte da minha infância, e muito provavelmente da vossa.
    Primeiramente, vou focar-me na série Zack e Cody: Todos a Bordo. Uma das duplas cómicas desta série é constituída por London e Bailey, duas personagens femininas radicalmente diferentes. No episódio 12 da 2ª temporada, há um concurso de beleza, onde, numa das etapas, as concorrentes têm de demonstrar o seu talento.


  Bailey escolheu demonstrar a sua inteligência apresentando uma forma de melhorar o mundo. Atentemos agora na performance de London.

  
Notaram a diferença? Enquanto Bailey foi considerada aborrecida, London foi aplaudida de pé devido ao seu "talento".
  Ao rever este episódio comecei a refletir sobre o modo como a identidade feminina é moldada através do constante apelo ao consumo, sendo que  a inteligência é preterida em relação à sensualidade.
  Chegando ao fim deste episódio questionei-me se seria apenas nesta série que esta situação ocorria e então decidi alargar a minha pesquisa.
  Descobri então outro exemplo de como a identidade das personagens é moldada pelos seus bens, e as figuras femininas mais inteligentes provocam o riso (i.e., são depreciadas), como se vê  no episódio 1 da temporada 4 de Hannah Montana, quando Miley (a personagem principal) e Lily (a sua melhor amiga) veem o novo quarto da primeira, após a família ter mudado de casa.

  Como se vê neste fragmento, o real problema das duas amigas prende-se com o medo de alguém da escola ver o quarto e as rejeitar, fazendo com que percam o seu estatuto.
 
  O objetivo deste post não é denegrir estas séries, pois apesar de tudo continuo a achá-las engraçadas. O objetivo é demonstrar que nas narrativas que as crianças consomem como fonte de entretenimento podem estar "escondidas" questões mais complexas. Ao verem a série as crianças ambicionam tornar-se como as personagens que tanto admiram, e para isso terão de consumir muito e focarem a sua energia não em cultivar a inteligência, mas a sensualidade e a popularidade entre os seus pares.

Obrigada por lerem e até amanhã 😊
Inês Fonseca-153674

1 comentário:

  1. Viva, Inês, começo por recordar que teria sido interessante partilhar connosco a eventual fonte bibliográfica que a inspirou a fazer esta releitura das séries da sua infância, que, de facto, condicionam as fãs femininas à estupidificação e ao desempenho do papel de consumidoras compulsivas. Eis um modo de imperialismo visual ao serviço da economia neoliberal.

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