quarta-feira, 13 de março de 2019

Podemos mudar (o futuro)?

Olá colegas! Inspirei-me na nossa última aula para fazer este post, visto que mencionámos Joanna Macy e o seu trabalho como ativista. Nela vimos um vídeo em que Macy discursava, numa manifestação — a March for Nuclear Abolition & Global Survival, que se realizou a 6 de agosto, de 2018. Este foi um movimento de protesto pacífico, que evocou os ataques a Hiroshima e Nagasaki, de que irei falar mais à frente.


Atualmente, existe um grande número de países que trabalha com energia nuclear, como é caso dos EUA, que origina a produção de lixo tóxico, prejudicial para o meio ambiente e para a vida. Esta tecnologia foi também usada para fazer armas mortíferas que já tiraram a vida a milhares de pessoas e afetaram muitas outras. Macy critica o uso de armas deste tipo e a destruição maciça que causam, mencionando também que é necessário prevenir uma possível guerra nuclear. Como fazer isto? Unindo-nos e criando um movimento de protesto, pois as pessoas, segundo as palavras da ativista, funcionam como uma “cola”. Elas podem manter o mundo unido, desde que estejam juntas e escolham colaborar entre si. Macy também menciona que se pode fazer diferença, por mais pequena que seja, bastando começar pela nossa comunidade ou família, pelos nossos amigos ou colegas de trabalho.

   De momento, cresce um desejo coletivo de justiça climática e pretende-se encontrar um equilíbrio no mundo. O planeta não pode continuar a ser sacrificado, tanto a nível dos ecossistemas naturais como das comunidades humanas, para que um pequeno grupo possa enriquecer e viver no seu pedestal de egoísmo e hipocrisia. Cada vez mais se “rouba” o futuro às gerações mais novas — a mim e vocês, a crianças na escola, a bebés, a outros que estão por nascer. Este sistema vai ter de mudar, pois estamos a ir por um caminho de autodestruição e o ser humano está a tornar o planeta inabitável. Para terminar esta linha de pensamento, acabo com a frase de Macy que mais me tocou: “a mudança vem, quer queiramos ou não”.

Já aconteceram vários desastres nucleares, como é o caso de Chernobyl e de Fukushima, ambos considerados de enorme gravidade (como podemos ver na escala abaixo apresentada), não só para o meio envolvente como para o planeta em geral. O primeiro ocorreu a 26 de abril de 1986, na cidade de Pripyat, atual Ucrânia (que na altura fazia parte da U.R.S.S.). Houve uma explosão e um incêndio, lançando na atmosfera grandes quantidades de partículas radioativas que se espalharam pela Europa e pela Ásia, chegando até ao continente americano. Foram várias as mortes imediatas que se deram com a explosão e incêndio do reator; o facto de milhares de pessoas serem expostas à radiação provocou inúmeros problemas de saúde. Atualmente, a cidade encontra-se praticamente sem habitantes e o risco de radiotividade ainda elevado.

A Escala Internacional de Acidentes Nucleares,
sendo que os desastres de Chernobyl e Fukushima
são considerados de nível a 6 a 7.

A cidade fantasma de Pripyat, atualmente.
O acidente de Fukushima, em Ōkuma (Japão), aconteceu a 11 de março de 2011, sendo provocado pela combinação de um terramoto e um tsunami. O desastre em si, não provocou nenhuma morte, que se saiba, porém foram várias as pessoas que ficaram expostas a resíduos tóxicos, não de forma tão agressiva como em Chernobyl. As águas junto à cidade acabaram por ficar contaminadas, sendo que ainda hoje se fazem limpezas na zona. Houve, contudo, quem tenha falecido, mas em consequência dos desastres naturais. Tal como em Pripyat, Ōkuma foi evacuada, sendo também atualmente uma cidade-fantasma; contudo houve quem tenha regressado à cidade após o acontecimento.

Cães vadios lutam nas ruas desertas de Ōkuma.
   Hoje sabe-se que estas instituições não tinham capacidade ou segurança para lidar com situações destas, sendo que a falta de vigilância também será uma das prováveis causas destes desastres. 
Contudo, como sabemos as armas nucleares foram intencionalmente usadas pelos E.U.A. durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Os bombardeamentos atómicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki (Japão), a 6 e 9 de agosto de 1945, respetivamente, provocaram mais de 246.000 mortos, incluindo aqueles que posteriormente pereceram devido aos efeitos da radiação. É de realçar que os sobreviventes ficaram marcados para a vida com cicatrizes e/ou doenças (nomeadamente de origem cancerígena) e muitos bebés que nasceram posteriormente tinham deformações. Este foi o primeiro e único momento na história em que foram usadas armas nucleares contra alvos civis.

Fotografia de Hiroshima após o lançamento da bomba.
 Este tipo de armamento deve ser supervisionado e, idealmente, proibido devido ao seu poder imensamente destrutivo. Para mais, o lixo tóxico dura milhares ou mesmo milhões de anos, pelo que fica guardado em contentores (com duração de algumas centenas de anos, apenas, para as próximas gerações resolveram o problema).

Embora o nosso país não tenha nenhuma central nuclear e esteja a investir em energia renovável, acabamos por ser afetados pela central de Almaraz (estrategicamente colocada junto à fronteira com Portugal), que espalha resíduos no Tejo, cujas águas desaguam no oceano Atlântico. É importante pensarmos nestas questões destas e escolhermos qual é a história para a qual queremos contribuir.
A central nuclear de Almaraz.

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Gostaria de contribuir para a discussão pensando a série American Horror Story: Apocalypse (já na 8ª temporada), com ação centrada na Costa Oeste dos Estados Unidos da América, num futuro próximo. Esta distopia apresenta um mundo apocalíptico, de superfície inabitável devido a várias explosões nucleares, devido aos elevados níveis de radiação. Contudo, foram sendo construídos outposts por todo o mundo — uma espécie de abrigos subterrâneos, habitados, sobretudo, por pessoas com meios financeiros necessários para tal, uma elite denominada Purples, devido à cor da roupa que usam. Também há quem tenha sido escolhido pela sua condição genética, de forma a repupular a Terra depois deste desastre.

O aspeto exterior e interior (respetivamente) do Outpost 3, o principal espaço onde decorre o enredo desta temporada.
Uma das imagens promocionais da temporada.

Algumas das personagens com fatos preparados para virem
à superfície, onde o nível de radiação é extremo.
A exploração desta temática mostra como o nosso sistema político é frágil e as nações se encontram em constante conflito, como temos visto relativamente aos E.U.A. / Coreia do Sul e à Coreia do Norte (apoiada pela China), por exemplo. Se formos incapazes de chegar a acordos de paz, o nosso fim estará mais próximo.

Os outposts da série lembram os bunkers, abrigos subterrâneos blindados ou fortificados, vendidos por múltiplas empresas que até entregam ao domicílio. Dependendo do tipo de bunker, falamos de um investimento de milhares ou até milhões de euros/dólares (o valor mais elevado que vi foi 12 milhões). Alguns bunkers são mais pequenos, com uma ou duas divisões, enquanto outros são literalmente suites ou penthouses, até com vários pisos. Pela quantidade de empresas que vi online, parece que é um negócio lucrativo. 
As pessoas estão a tornar-se cada vez mais paranoicas e assustadas. Será que há uma verdadeira razão para este medo? Muito do que vemos é sensacionalismo, outras notícias são verdade, mas parece que há quem se preocupe em ter um lugar efetivamente seguro, caso algo corra mal.

Aspeto de um bunker da empresa Vivos.
Encontrei mais informação neste artigo online: Segundo dados da ‘CNN’, as vendas de 2016, em relação a 2015, de bunkers ou abrigos subterrâneos sofisticados [cresceram] 700%, enquanto que as vendas globais cresceram 300% desde a eleição de Donald Trump.
Um desses abrigos, o ‘Vivos xPoint’, nos EUA, consiste em 575 bunkers militares que serviram como depósito de munições do exército até 1967. Atualmente, está a ser convertido numa área que visa acomodar aproximadamente 5.000 comunidades. (...) O próprio complexo será equipado com todos os confortos de uma pequena cidade, incluindo um teatro comunitário, salas de aula, jardins hidropónicos, uma clínica médica, um spa e um ginásio. As estruturas fortificadas vêm equipadas com sistemas de energia, sistemas de purificação de água e filtragem de ar nuclear-biológico-químico”.

Uma destas empresas, chamada Vivos, tem complexos na Europa, e afirma que os seus abrigos podem salvaguardar de ameaça nuclear, terrorismo, bioterrorismo (em que se se utilizam armas biológicas, vírus ou toxinas), ameaça anárquica, pulsos eletromagnéticos (gerados por explosão nuclear), erupções solares (que causam perturbações eletromagnéticas), deslocamento dos polos, embate de cometa, tsunamis, Planeta X/Nibiru (colisão de um astro do tamanho de um planeta) ou de um grande vulcão. De forma a enfatizar ainda mais o medo nas pessoas, no site encontra-se a frase “One Day You'll Wish You Could Get In”. Assustador...
Um complexo de bunkers da empresa Vivos.
Finalmente, quero ainda mencionar um videojogo que explora o medo da aniquilação nuclear — o Fallout, da RPG, distribuído pela Bethesda Softworks, Já joguei o Fallout: New Vegas, passado no ano de 2281, no deserto de Mojave, e na cidade de New Vegas uma visão pós-apocalíptica da atual Las Vegas, conhecida nesta época do futuro como Sin City. Todo o jogo tem influências da cultura americana dos anos 1950, contudo a tecnologia encontra-se muito mais avançada do que hoje. Aqui também existem uma espécie de bunkers/abrigos, que se chamam vaults, onde a população (que conseguiu) se refugiou após uma guerra nuclear; os sobreviventes que ficaram à superfície têm um aspeto monstruoso. Neste mundo não há propriamente um governo fixo, vivendo-se numa espécie de anarquia, onde vários grupos atuam conforme os seus desejos e necessidades.

A cidade de New Vegas, comandada
pelos casinos que aí se encontram.

Publicidade feita, dentro do jogo, mostrando um vault, que pretende assegurar a segurança dos habitantes da ameaça nuclear.

   Espero que gostem da partilha... apesar de ser uma publicação um pouco longa.

   Até sexta!

Dinis Oliveira nº 153155

1 comentário:

  1. Grata pela sua pesquisa, Dinis, e pela partilha destes imaginários alternativos que exploram de um modo bastante complexo o medo do apocalipse, gerando lucros para as empresas de 'bunkers'. Só posso imaginar a loucura que será investir num refúgio destes e mantê-lo operativo, sempre sob a ameaça de aniquilação. Há pessoas que sofrem muito no ocidente.
    Quanto à energia nuclear, como sublinhei através da inserção daquele artigo relativo ao tempo de duração (quase) infinito dos resíduos, estamos todos implicados durante os próximos biliões de anos, se é que a espécie humana conseguirá sobreviver até lá...

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