terça-feira, 19 de maio de 2015

Victor Papanek. “Arquitectura e Design. Ecologia e Ética.”

Olá colegas,
Deixo-vos com um livro que, embora à partida possa parecer fora da nossa área, na realidade está muito relacionado com a matéria que damos nesta cadeira, abordando vários dos assuntos que falámos ao longo deste semestre.

O autor é Victor Papanek (1927-1999. Designer e pedagogo) e o livro chama-se Arquitectura e Design. Ecologia e Ética [The Green Imperative – Ecology and Ethics in Design and Architecture]. Saiu em 1995 pelas Edições 70, na colecção Arquitectura e Urbanismo.

Gostava de partilhar convosco algumas citações que considerei apropriadas e interessantes:  

 "As mudanças ambientais no nosso frágil planeta são uma consequência daquilo que fazemos e dos instrumentos que utilizamos.” (10). 

 “É vital que todos nós – profissionais e utilizadores de serviços – reconheçamos as nossas responsabilidades ecológicas. A nossa sobrevivência depende de uma imediata atenção às questões ambientais, contudo, actualmente, parece registar-se ainda uma falta de motivação, uma paralisia da vontade, no sentido de proceder às mudanças radicais necessárias.” (11)

“No seu livro, The Voice of the Earth, Theodore Roszak escreve: 'Se a psicose é a tentativa de viver uma mentira, então a psicose epidémica da nossa época é a mentira de acreditar que não temos qualquer obrigação ética para com o nosso lar planetário'” (11)

“Os 'consumidores' (ou utilizadores, como serão chamados ao longo da presente obra) estão também implicados nesta crise ecológica. Na corrida gananciosa por cada vez mais bens materiais (no Ocidente, e mais recentemente, nos países da antiga União Soviética e do Leste da Europa ), negligenciámos gravemente as nossas ligações com a Natureza e a nossa responsabilidade para com o meio ambiente; estamos a perder amor, afecto e respeito uns pelos outros; estamos a esquecer a alegria do efémero e a liberdade de possuir pouco em termos de bens materiais.” (15)

“EXISTEM POUCAS dúvidas de que o ambiente e o equilíbrio ecológico do planeta se tornaram insustentáveis. A menos que aprendamos a preservar e conservar os recursos da Terra, e a mudar os nossos padrões básicos de consumo, fabrico e reciclagem, podemos não ter futuro. Estamos todos, cada um de nós, envolvidos nas questões de ecologia.” (17)

“O OBJECTO DIVERTIDO – Pode dizer-se que os ávidos anos 80 deixaram as pessoas com a ideia de que parte do seu dinheiro deveria ser sempre desviada das necessidades básicas para os pequenos prazeres, isto é, que elas mereciam mais diversão e deveriam usar os seus rendimentos para a alcançar. Este facto explicará não só as rápidas e loucas tendências que o mercado oferecia, mas também a correria para qualquer nova aventura que prometesse novas formas de prazer.” (165)    

“Desde os finais da década de 20, os fabricantes e os seus designers industriais conseguiram vender lado a lado o desejo e a insatisfação. O estilo manipulador cria uma ânsia inicial pela aquisição do objecto e depois o subsequente desencanto, quando deixa de ser novidade. A obsolescência integrada no objecto ajuda a criar esta insatisfação.” (180)     

“A exploração do 'giro', utilidade ou moda manipula sem escrúpulos as reacções e emoções das pessoas; representa a engenharia do desejo. Para dizê-lo de outra maneira: a utilidade é inimiga da excelência; a moda é inimiga da integridade; o 'giro' é inimigo da beleza.” (204)

Dou especial ênfase às "10 Perguntas Antes de Comprar", que surgem no livro: 

1- É realmente necessário? (Fomos persuadidos a comprar pela publicidade? Precisamos de comprar este objecto? É melhor do que o que já temos?)

2- Poderei comprar em segunda mão? (Os produtores fazem os objectos para que não durem para sempre. Devemos sempre comprar e vender objectos funcionais em segunda mão.)

3- Poderei comprar em promoção? (Podemos adquirir este objecto com desconto?)

4- Poderei pedir emprestado? (Se vamos usar este objecto só uma ou duas vezes, poderemos pedir emprestado?)

5 - Poderei alugar? (O autor dá exemplos como alugar um carro quando se está no estrangeiro)

6 - Poderei arrendar? (O autor dá o exemplo dos telefones serem alugados e não comprados)

7- Poderei partilhar? (O autor fala-nos da obsessão com os relvados na América e da partilha do cortador de relva. Fala-nos também de Permacultura)

8- Podemos partilhar em grupo? (Para reduzir o desperdício, para tornar as coisas mais baratas e diminuir a quantidade de matéria-prima gasta em produtos, devemos partilhar)

9- Poderei construir eu próprio? (O autor diz-nos que cada um de nós está mais capacitado para criar soluções para os seus próprios problemas do que qualquer outra pessoa)

10- Poderei comprar um kit? (Os artigos que compramos em kit chegam-nos às mãos de uma forma inacabada, porque o fabricante poupa dessa forma em portes de envio. Por outro lado, montar um kit ajuda à melhor percepção do objecto comprado) 

O autor acrescenta: Prejudicará o meio ambiente? Utiliza materiais complexos? Desperdiça energia?   

Estas questões são uma óptima forma de reduzir o nosso comportamento consumista e permitem-nos tomar decisões mais conscientes quando consumimos. 

Cristina Ribeiro Nº 48510

1 comentário:

  1. Grata, Cristina, pela partilha destas reflexões muito pertinentes sobre a sociedade de consumo atual. Pela relevância do seu post, coloquei a etiqueta "Bibliografia".

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