domingo, 24 de maio de 2015

Geração sem remuneração_Deolinda

Com o final do semestre a aproximar-se, muitos de nós estão quase a terminar a licenciatura, eu incluída. Por isso, e porque foi referido numa apresentação oral na sexta que um político sugeriu há uns tempos a emigração como solução para o desemprego nacional, lembrei-me de partilhar esta reflexão.

O estado da educação neste país é miserável. As escolas são cada vez mais depósitos de criancinhas, para livrar delas os pais super ocupados. Os miúdos da primária já fazem exames, já estão o dia todo na escola, com cada vez mais disciplinas e actividades extra-curriculares. Já não podem ser simplesmente crianças e brincar, são pressionadas desde cedo. Também não há espaço para o pensamento livre, só para decorar aquilo que o professor diz e está no manual. Os professores são avaliados e despedidos, as escolas fecham.  

No ensino superior, o cenário também não é melhor, com o aumento das propinas e a complicação progressiva das condições para adquirir uma bolsa da DGES.

Após os estudos, somos confrontados com a falta de oportunidades e de emprego. Muitos de nós, muitas vezes não querendo, somos forçados a emigrar à procura de melhores condições de vida e de emprego. 

Somos a “Geração sem renumeração”, como cantam os portugueses Deolinda,  a geração à rasca, que estuda, tem curso superior e, ainda assim, vive na "casinha dos pais, adia tudo e é escravo". Esta ideia de que “para ser escravo, é preciso estudar” e “já é uma sorte eu poder estagiar”, corresponde infelizmente à realidade de hoje em dia, em Portugal, onde vários jovens licenciados estão desempregados ou fazem estágios não renumerados, onde são mal tratados e explorados ao máximo, para depois não serem contratados de qualquer das formas.

Deixo aqui esta música e também duas notícias, com estudos que indicam que ir em Erasmus e fazer estágios curriculares, reduz o risco de desemprego — Erasmus e Estágios.

Que Parva que Eu Sou
Deolinda

Sou da geração sem remuneração
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'casinha dos pais',
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'vou queixar-me para quê?'
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva eu não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.

Cristina Ribeiro. Nº 48510

1 comentário:

  1. Sim, relativamente ao programa Erasmus, também concordo que viver no estrangeiro é uma ferramenta de aprendizagem incrível, que nos possibilita não só crescer enquanto pessoas (fora da nossa zona de conforto) como enquanto profissionais (mais flexíveis e capazes de diálogo com a diferença). Função idêntica cumprem os estágios, que servem ainda para tornar o vosso CV distinto e gerar competências de trabalho no "mundo real".
    E os Deolinda são uma banda muito inspiradora, na sua versão politizada da canção popular.

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