quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pub e esterótipos raciais

Boa noite. Encontrei uma notícia do ano passado que tem muito a ver com os temas que temos tratado nesta cadeira.

A marca de cerveja brasileira Devassa foi alvo de um processo administrativo instaurado pelo Ministério da Justiça depois de apresentar um anúncio publicitário cujo slogan “É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra” foi o motivo da denúncia. O slogan era relativo à bebida Devassa Tropical Dark e foi considerado ofensivo não só pelo seu carácter racista, mas também devido à hipersexualização da mulher negra. O diretor do Departamento de Protecção e Defesa do Consumidor, Amaury Oliva, declarou o seguinte — “Na sociedade de consumo, a publicidade é um indicativo do padrão ético adoptado pelas empresas para a oferta de produtos e serviços. Não se pode admitir que para vender um produto, sejam utilizadas mensagens discriminatórias, que reforçam estereótipos de género e étnico-raciais e contribuem para aprofundar desigualdades”.
Procurei notícias sobre o desenvolvimento deste processo que começou em Outubro do ano passado e não encontrei nada, pelo que não sei dizer como acabou isto ou se acabou de facto. Esta iniciativa pareceu-me boa para alertar os consumidores que eles também têm poder e, ao contrário do que se pensa, não são passivos em relação ao discurso publicitário, feito para um determinado público alvo. Se há mensagens discriminatórias a reforçar estereótipos, sejam de que tipo forem, é não só porque a marca quer usá-los, mas também porque o consumidor está aberto a eles e o facto de a marca os usar potencia ainda mais essa abertura, o que se repete num ciclo vicioso que só o consumidor pode quebrar. No entanto, é já significativo o facto de não haver mais notícias sobre o seguimento deste caso...

                                                                                                                                  Maria de Oliveira

1 comentário:

  1. De facto, é escandaloso o modo como a indústria publicitária continua a repetir padrões discriminatórios, piscando o olho a uma imensidade de consumidores "pouco sofisticados" (para usar um eufemismo). Sim, é fulcral lermos estes convites com um olhar consciente, para podermos boicotar marcas racistas, xenófobas, homofóbicas, sexistas... e eventualmente protestar junto das corporações com mentalidade reacionária.

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