sábado, 18 de novembro de 2017

Sobre arte e ativismo


  Quando penso em ativismo visual, acende-se uma luz na minha cabeça que me leva de volta a 6 de Outubro de 2014, quando assiti ao concerto do ilustre Morrissey, no Coliseu dos Recreios, um evento completamente fora do normal.








Morrissey T-shirt
Morrissey Flyers   Enquanto ativista dos direitos dos animais, Morrissey passou décadas a lutar contra a crueldade com os animais - e não pensa duas vezes antes de expressar as suas opiniões. Este vegan incansável inspirou milhões de fãs a pensar sobre os direitos dos animais, desde que lançou em 1985 o álbum dos The Smiths, Meat Is Murder*.
* Este, por sua vez, foi um álbum com uma voz política forte, criticando diversos tipos de violência, desde aquela perpetrada no espaço doméstico, como nas escolas de Manchester ou nas feiras de diversão.
  
   Morrissey usa os concertos como plataforma de ativismo. Entre muitas outras ações, faz questão de que o catering do recinto seja vegetariano ou vegan; associou-se com a PETA para fazer panfletos anunciando os seus espetáculos com mensagens ativistas e o seu merchandising (à venda no local dos concertos) revela as suas crenças. 
   Contudo, o que mais me chamou a atenção no concerto foi como entre cada intervalo de uma música para a outra, na tela gigante do palco, eram mostrados vários vídeos sobre as indústrias que não são cruelty-free ou meat-free. Centenas de pintainhos bebés a serem esmagados vivos. Tigres esfolados vivos. Animais de laboratório com anomalias físicas...
Ouvia-se um burburinho de choque pela multidão que assistia. Alguns fechavam os olhos.

   Na minha opinião, fechar os olhos não é solução. Sim, pode ser mais "confortável". Ou é como quem diz "A felicidade é dos ignorantes" e então as pessoas forçam-se a permanecerem na ignorância. Para além de toda a componente moral no que toca à crueldade infligida nos animais, temos também que ter em conta que vivemos num mundo em que os recursos são limitados. Estamos a esgotar e a sufocar o planeta terra. Caso não tenham conhecimento: atualmente, o setor que mais desgasta a Terra e impacta o ambiente é o do gado (para produzir um mero quilo de carne, são precisos aproximadamente 15,400 litros de água). Vejam Cowspiracy ou Before The Flood para se informarem sobre estes assuntos e aprenderem como podemos mudar alguns hábitos que poderão pesar menos no ambiente. 

   Sim! Estes são temas que nos alarmam. Ficamos nervosos e preocupados e acabamos por cair numa espiral de ansiedade, cheios de sentimentos de impotência. Porém, conhecimento é poder! Se todos tivermos esperança e força de ajudar e vencer, não será preciso muito mais. E, sobre esta temática da esperança, quem melhor do que Morrissey para nos elucidar? 😊


Nota: Morrissey também empresta a voz aos direitos LGBTQ+ e aotema da Saúde Mental. Recomendo pesquisarem mais sobre o seu trabalho como ativista, assim como o sobre o seu trabalho musical. Vale a pena!

Ana Patrícia Kato Mestre
Nº. 52399

1 comentário:

  1. Grata pela partilha, Ana. Os documentários por si mencionados já estavam no blogue, mas é sempre bom recordar e proporcionar um acesso mais fácil aos colegas deste ano. Eu sou fã dos The Smiths (ainda a menina era pó de estrelas!), mas o trabalho do Morrissey a solo deixa-me mais dúvidas, sobretudo pelo facto de que o seu empenho na defesa dos direitos dos animais não corresponde ao cuidado no respeito pelo multiculturalismo, como poderá ver se pesquisar sobre este tópico. De qualquer modo, é sempre inspirador vermos como alguns artistas usam a sua fama para defenderem causas justas.

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