segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Sabrina



Partilho este post a propósito da última aula, onde refletimos sobre a atualidade, a partir do texto de Nicholas Mirzoeff, How to See the World, considerando a tomada de consciência coletiva sobre a beleza e fragilidade do nosso planeta, despertada pela fotografia Blue Marble, e as características do mundo atual em que a vida se tornou citadina, interligada, marcada pelo aquecimento global e pelo crescimento populacional. Recordo ainda a reflexão que fizemos sobre a flexibilidade em que operamos relativamente às imagens, conscientes de que estas podem ser tecnologicamente retocadas, sobre as redes sociais e a nossa relação com a internet, e sobre a possibilidade de "pesquisa inversa" que esta nos apresenta.

Como a Cultura Visual tem o objetivo de explorar os conteúdos visuais, desenvolvendo  o sentido crítico, construindo conhecimento a partir da visualização, através de estratégias de desfamiliarização, para podermos "ler" as crises que caracterizam o mundo, lembrei-me dum texto, também visual, que explora “o modo como se pode ilustrar uma ausência afetiva?"

Portanto não quis deixar de partilhar no nosso blog, a novela gráfica, finalista do booker, Sabrina. Nesta estória, a cartoonista Nick Drnaso "lança pistas para uma reflexão sobre conceitos como os de verdade e mentira, medo e vazio, ilusão e convencimento num tempo dominado pelas redes sociais e pela capacidade de manipulação tecnológica".

Se despertei a curiosidade de alguém ao ponto de querer ler o livro, posso emprestar ;)

Eduardo Koelho

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O papel do Facebook no Brexit


Um dos assuntos mais controversos e mais falados da atualidade é o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. No contexto de manipulação através de publicidade e de propaganda, tive conhecimento de uma TED Talk da jornalista britânica Carole Cadwalladr sobre “O papel do Facebook no Brexit” que achei pertinente partilhar com todos.

Num breve resumo, um dia após o referendo do Brexit, Carole Cadwalladr viajou até à sua cidade natal de Ebbw Vale para perceber porque é que 62% dos seus residentes votaram para sair da EU. Ao questionar um jovem residente sobre os motivos que o levaram a votar para sair, a resposta foi que a União Europeia não tinha feito nada por ele e estava farto. Outras pessoas que encontrou pelo caminho responderam o mesmo, que estavam saturadas da situação política, principalmente relativamente aos emigrantes e aos efugiados.

Visto que Ebbw Vale tem um dos índices mais baixos de imigração do país e era visível por toda a cidade que vários edifícios tinham sido renovados com fundos da EU, a jornalista não percebeu onde é que as pessoas tinham ido buscar estas informações.
Acabou por descobrir que antes do referendo a campanha “Vote Leave” lançou vários apelos como estes que aqui reproduzo.



Esta propaganda política não foi pública. De facto, através da empresa Cambridge Analytica, a campanha “Vote Leave” conseguiu aceder a dados privados dos utilizadores da rede social Facebook com o único propósito de fazer um perfil político das pessoas de forma a compreender os seus medos individuais e posteriormente explorar a sua xenofobia. Antes de ser dissolvida em maio de 2018, a empresa terá recolhido ilegalmente informações sobre 87 milhões de pessoas em todo o mundo.

Como os anúncios foram partilhados no Facebook é difícil perceber quem os viu e que impacto tiveram, mas pelos resultados podemos calcular que o objetivo da campanha foi cumprido. Por outro lado, a jornalista acusa o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, de saber mais do que alegou quando foi contactado pelo parlamento da Grã-Bertanha e afirma que a nossa democracia liberal está viciada, controlada pelos os deuses do "Silicon Valley" que têm um poder enorme e saem impunes.

No fim deixa esta questão: “É isto que queremos? Sentarmo-nos a brincar com os nossos telemóveis à medida que a escuridão aumenta?” Carole Cadwalladr, TED2019.

Andreia Costa





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Por alguma razão estranha, não estou a conseguir fazer comentários no blogue, pelo que acrescento aqui uma nota sobre a importância de consultarmos fontes alternativas de informação, honrando o jornalismo de investigação (de que Naomi Klein é um exemplo). Deixo ainda o link para os documentários que revelaram as manigâncias da Cambridge Analytica (que apresentou falência para evitar julgamento, mas se reconstituiu em duas outras empresas, certamente dedicadas ao mesmo tipo de manipulação a favor da disseminação de políticas conservadoras). A democracia é uma construção dinâmica que pede o nosso constante contributo.
Diana V. Almeida